ENTREVISTA | Apresentamos, DJ Andy Doctor

Ele é carioca, cirurgião dentista e, também, músico. Esse é Andy Doctor, que chega como DJ trazendo sua guitarra durante suas apresentações de musica eletrônica, em especial com o Tribal House.

A Colors DJ vem trazendo um pouco das suas preferências como artista e apresentando esse trabalho que certamente vai ganhar as pistas de todo o Brasil. Leia agora na íntegra a nossa entrevista com o DJ Andy Doctor.

Como surgiu esse desejo de retornar às pick-ups?

Quando me mudei para Vila Velha em 2020, durante a pandemia eu fiquei com tempo ocioso e comecei a me interessar por tribal house, ouvir música eletrônica. Logo, quando voltaram as festas, comecei a frequentar e conheci pessoas, gerando esse desejo de me atualizar e fazer um curso numa escola de DJs já querendo estudar o tribal. E comecei a conhecer melhor novas festas pelo Brasil (Rio, minha cidade, BH, São Paulo). Assim, eu fui selecionando um estilo que mais me agradava dentro da variedade do tribal house e com interesse de trazer algo novo para essa cena com a minha identidade.

E o mais interessante é que você também é músico, né? Fala para nós um pouco dessa identidade que você constrói nas suas apresentações.

Essa inovação partiu de mim através da facilidade que tenho com instrumentos de cordas (violão e guitarra). Então, pensei: “por que não fazer um solo de guitarra no meio do set para incrementar os breaks?”. Comecei a estudar, treinar, ensaiar com minha guitarra solos de bandas conhecidas no mundo e artistas reconhecidos como Guns ‘n Roses, com o solo de “Sweet Child o Mine” ou como um clássico “Losing My Religion” do REM e, jamais poderia deixar passar o nosso astro da música pop Lulu Santos, que é um grande guitarrista e cantor pop. E sempre incluo nos meus sets alguma faixa do Lulu, com frequência escolho a canção “Tempos Modernos para o ending do meu set, pois ela também tem um solo de guitarra antológico reconhecido mundialmente.

Andy Doctor. Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Como você descreve a construção sonora dos seus sets? O que você gosta de ouvir e o que gosta de tocar?

Meu gosto preferido no tribal house, tanto de ouvir, como tocar, seria um som mais pesado, porém fino, com riqueza de elementos: samples, instrumentos, efeitos. Acho que a sonoridade do Andy Doctor combina bem com aquele momento entre o midnight e o extra-hour. Normalmente músicas acima de 130 BPM, entre 4 e 5 da manhã, em que o povo já está quebrando tudo na pista.

Andy Doctor./ Foto: Divulgação.
Andy Doctor./ Foto: Divulgação.

Você tem uma gama de estilos influenciando a sonoridade dos seus sets! Ouvi dizer que tem muitos trabalhos valorizando a música brasileira também! Conte-nos um pouco.

No meio da descoberta da minha identidade musical no tribal house, eu percebi que existem muitos artistas talentosos brasileiros com muita música boa e bacana dentro da MPB que rendem bons remixes e mashups. Com essa ideia, eu me aliei a um amigo produtor e DJ experiente T-Tribe, da cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro e estamos nessa parceria de produção conjunta e temos remixes de artistas como Johnny Hooker, Vanessa da Mata, fizemos mashes até mesmo da Amelinha, transformando um baião tradicional num tribal extra-hour e eu T-Tribe ousamos fazer mashup de rap,  da música “Outro Patamar” do Hungria. Entretanto, eu tenho total apreço e carinho pelo público, então eu tento sempre trazer o que o público já gosta de ouvir. As divas Anitta, Beyoncé, Luiza Sonza, Rihanna, Lady Gaga e também sempre dou uma palinha para os amantes do tribal funk.

Uma paixão que eu tenho que não deixo de fora do meu set são músicas para esse momento de x-hour com uma pegada de produtores latinos: México, Chile e Colômbia. Admiro grandes produtores que fazem um som muito refinado, principalmente para tocar nesse horário.

Você identifica dificuldades de se estabelecer na cena eletrônica LGBTQIA+ local?

No começo, é um pouco difícil se estabelecer quando você quer apresentar algo novo. As pessoas nem sempre estão preparadas para o novo. O novo sempre causa um estranhamento. Eu tive a sorte de conhecer os DJs da cena local que eu como carioca chegando agora ao Espírito Santo, me senti muito bem acolhido. O DJ Vergg, o DJ e professor Sobrinho, pelo DJ Saul Felício e é válido ressaltar que quem me deu a primeira oportunidade de mostrar meu trabalho no estado foi o DJ Dani Marques e seu parceiro,  Wagner Almeida, produtores da festa Sweat, que me escalaram para o after da  festa.

Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Você se apresenta somente em eventos de música eletrônica?

Eu me apresento também em festas privadas. Gosto muito de fazer social de amigos porque eu sinto que estou tanto me divertindo quanto testando meu repertório para as grandes gigs. 

Uma questão importante é que minha primeira profissão é dentista. Atuo até hoje na área e é a profissão que me sustenta, mas eu tenho o mesmo zelo profissional como DJ. E, eu não aceito que tratem a profissão de DJ de forma diferente das outras profissões. Nós, como DJs, devemos ser zelosos sempre e entregar resultado: estudarmos, nos aplicarmos, melhorarmos a cada dia e estarmos sempre em contato com o público de maneira respeitosa e amigável.

Qual a sua dica para quem está começando?

Primeiramente, tem que ser dedicado, estudar, se esforçar bastante e levar a sério a profissão. Depois tem que ter identidade, ser original. E em terceiro, não se deixe abater por comentários maldosos no início, sobretudo de colegas da própria profissão. O que importa é a sua relação com o público.

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Rodrigo Sobrinho

Grupo I.D. Psy Trance, Chefe de Reportagem (Psy Trance), Colunista e Repórter

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