Akva Sousa, um fotógrafo profissional e estudante de cinema, é um paulista de Santana de Parnaíba. Saiu de sua terra natal e veio para a capital da Bahia, com apenas uma bolsa do ProUni e menos de 200 reais no bolso. Akva fez fotos profissionais da nossa editora-chefe, tradutora, repórter e colunista, Kukua Dada. Um dos primeiros gigs do mesmo com a Colors DJ Magazine. Mas o que significa Akva, afinal?
Akva tem seu nome de batismo indígena que significa: “Ave que voa sobre as águas”. Por mais que a palavra sânscrita tenha outro significado, o fotógrafo prefere usar a ideia do seu nome de batismo nessa palavra. Como estratégia organizacional e, também, uma forma de ter seu nome melhor lembrado, Akva escolheu tal nome por começar com a primeira letra do alfabeto romano: “A” e ter uma sonoridade específica e permitir que fosse melhor lembrado.
Escolhemos a própria Kukua para a entrevista com o artista. Confira agora o nosso bate-papo com esse artista espetacular:
Me conte sobre Akva antes de Salvador. Quais são os pontos fortes e os pontos fracos do artista?
Akva, eu, antes de Salvador, buscava intensamente uma arte portátil. A arte como forma de conexão com o mundo, no geral, é portátil por conta de sua natureza nômade. O único ponto fraco que vejo de Akva, de mim antes, era falta de experiência. O ponto que era bem forte antes do que hoje era a esperança que eu tinha a respeito do caminho a trilhar.
E quais são os objetivos de Akva nesse caminho a trilhar?
Uma completude minha seria juntar minha capacidade artística com minha potência política. Ter sucesso nessa junção, criar milhares de poesias políticas registrando momentos que trariam tais entendimentos e, por fim, o Comunismo na chamada Revolução Brasileira.
O que seria esse Comunismo numa visão de Akva? E mencione também sobre essa Revolução Brasileira.
Resumidamente, seria a Ditadura do Assalariado. Sendo esse assalariado, um possível peão de trabalho que ganha até 30 mil reais por mês. Advogados, médicos, doutores, sem seus trabalhos sendo pagos de forma correta nas datas específicas, eles terminam sendo assalariados, necessitando produzir capital de outras formas, obviamente vendendo sua força de trabalho. A consciência de classe juntamente a um ódio acumulado do assalariado por gerações se culminaria no que se chama de Revolução Brasileira.
Então, além de fotógrafo e estudante, você é um militante ativo. Fale sobre seu passado com o exército.
A disponibilidade de inscrição dos jovens para as Forças Armadas é uma tecnologia governamental que também se lê como ato político do governo em relação ao futuro dos jovens que são intimados a comparecerem. Se eu não tivesse embasamento político mínimo, tal ato político deles teria vingado comigo. Fiquei um ano de forma obrigatória e, assim que passou tal período, saí.
Vamos falar agora sobre essa grande mudança: SP para BA. O que gerou, o que te instigou, como foi essa mudança e esse afastamento da família?
Eu elevei a minha visão artística e política a um nível de maturidade. E como devoto, eu quis um estado que me representasse como existência sociopolítica, qual melhor estado senão a Bahia, onde existe a Pequena África?
Ah, eu sempre saía de casa, preparado para passar um final de semana todo ou até um mês fora, então a mudança de estado foi algo natural no assunto família. De início, sofri com os perigos da rua, mas fui bem recebido, me sentindo em casa.
Akva, nos diga quais grandes projetos já participou?
Akva criou a Dada TV, um estúdio de TV intangível que criava um espaço para que diversos artistas tivessem seus programas dentro dessa plataforma.
O meu segundo grande projeto é meu Atual Diário Visual de Retratos da Beleza Racializada Brasileira, que está em andamento.
Quais são os seus projetos para o futuro?
Filmes experimentais sobre a subjetividade brasileira, séries para agradar um ego infanto-juvenil e realities shows como documentários interativos.