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ENTREVISTA | Papo reto com o mestre da House brasileira

Hoje vamos falar com ele, o maior nome da house music no Brasil, o grande Marcello Mansur, mais conhecido como DJ Meme.

Nascido no Rio de Janeiro, 13 de março de 1965, Meme é um DJ e produtor musical brasileiro muito importante para o cenário musical eletrônico do país, e é também considerado o remixer brasileiro mais bem sucedido do Brasil.

Confira agora nossa entrevista exclusiva com DJ Meme:

Muito tempo se passou desde a primeira vez que você tocou em alguma festa. Quando você percebeu que desejaria ser um DJ profissional?

Quando eu iniciei meu contato com a música, aos 11 anos de idade, em 1976, não existia a ideia ou possibilidade de pensar que isso viraria um meio de vida. Os DJs da geração anterior à minha divertiram-se pacas, ganharam um sustento enquanto trabalhavam, mas nenhum deles pôde bater no peito e dizer que viveram bem até o final da vida. Pra mim aquilo era um hobby temporário de moleque que não gostava de jogar bola, mas amava música e tinha vontade de mostrar as faixas que gostava para quem estivesse ao redor. Logo de início eu encontrei outros garotos também “deslocados” que gostavam do mesmo que eu, e assim achei a minha turma.

Inicialmente, tocar nas festas de amigos ou bailes de fim de semana era suficiente pra mim, até acontecer a chegada dos anos 80. O avanço e barateamento da tecnologia geraram a possibilidade de ver DJs como eu criando suas próprias músicas com apenas 1 bateria eletrônica e 1 teclado. Essa foi a chave da grande virada. Pronto, as armas estavam distribuídas e DJs do mundo todo começaram a criar suas próprias músicas para tocar nos clubs que frequentavam e entregar aos DJs que ali tocavam. Logo a seguir, essas faixas começaram a ser executadas em rádio, aí… o nome do DJ, que ficava restrito à cabine de som nos fins de semana, entrava de segunda a segunda dentro da casa das pessoas junto com as suas músicas. Ali o DJ virava artista e ganhava seu público maior. Ali tornamo-nos relevantes e o dinheiro começou a entrar, fomentando toda a cena, personagens e profissionais que vemos hoje.

Certamente, pela bagagem e musicalidade que você tem, devem ter vários nomes que te inspiram e já inspiraram para compor os seu trabalhos. Quais os principais nomes nacionais e internacionais vêm na sua mente?

Engana-se. Sou inspirado pela música que escuto, e não por outros DJs. A música é meu norte e sempre foi. Músicos, artistas, sons de instrumentos, épocas, canções…essas são a minha fonte de inspiração, da Disco ao Techno, do Rock ao Soul.

A House Music possui várias vertentes. Gostaríamos que você falasse um pouco da sua visão dessas divisões e o que acha do mercado de trabalho dos DJs que trabalham com a House Music mais clássica nos dias de hoje.

O termo House Music é quase um sinônimo de música eletrônica, pois foi o primeiro a surgir na face da terra logo após a queda da Disco. O Techno veio 1 ano e meio depois e, não por coincidência, é uma repetição do beat 4×4 da House mas com temperos diferentes. Por essas e outras a palavra HOUSE é tão usada na criação de gêneros diferentes, como Tech-HOUSE, Deep-HOUSE, Bass-HOUSE, etc 😉

Quanto a opinar sobre o trabalho de outros DJs, não me cabe. Cada um toca o que quer. Minha única exceção é aos DJs que, por alguma razão de vida, não conseguiram se renovar e preguiçosamente estão até hoje tocando o mesmo playlist de 40 músicas de quando iniciaram, botando a culpa no mundo e dizendo que “as músicas de hoje são péssimas comparadas às do passado.” Isso pra mim é de extrema ignorância no sentido real da palavra, onde o sujeito perdeu-se no caminho da renovação e recusa-se a ter trabalho de olhar para onde possam estar outras coisas que ele desconhece, ignorando toda uma nova era. Oras, ser DJ não é isso ? Não é pela excitação que a música provoca? Como renegá-la?

“Fale menos e escute mais. Controle seus hormônios.” Meme

Sete meses já se passaram depois que o mundo declarou um alerta de pandemia pela Covid-19. Como você tem lidado com isso neste momento? E o que faz para passar o seu tempo?

Tenho criado música o tempo todo. Meu estúdio fica a 7 minutos a pé da minha casa e o prédio não tem ninguém trabalhando durante a pandemia. Vou pra lá, crio faixas novas, remixes e o que mais der na cabeça e, com a falta de compromissos e viagens, isso fica bem mais divertido pois nao tenho hora pra entrar e nem sair. 😉

Ainda sobre a quarentena, o que você acha desse “tal normal” que muitos dizem por aí?

Algumas coisas deverão ficar como uso da máscara e/ou álcool gel para uns e outros. Cada um vai até o seu limite de segurança e adota o que mais lhes dá conforto. O Japão já faz isso a décadas e a gente ria, não? Pois é, veremos.

Pensando em toda a história de sua carreira, que conselho você daria ao Memê do passado?

“Calma. Pense mais e haja com mais cautela. Fale menos e escute mais. Controle seus hormônios.”rs

“O avanço e barateamento da tecnologia geraram a possibilidade de ver DJs como eu criando suas próprias músicas com apenas 1 bateria eletrônica e 1 teclado.” Meme

Para finalizar, você pode nos contar um pouco sobre seus lançamentos futuros?

Tenho uma música nova saindo mês que vem pelo selo inglês MIDNIGHT RIOT, em parceira com minha amiga Aline Rocha e vocais da fantástica INAYA DAY; outra ainda sendo desenhada com participação do gigante da música brasileira MARCOS VALLE, dando sequência a uma que fizemos ano passado, a JAZZ CARNIVAL, e vários remixes ainda sendo aprovados para o ano que vem. Não dá pra reclamar.

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