A história do DJ Rob Phillips é um exemplo vibrante de como paixão e determinação podem moldar uma carreira extraordinária. Criado em uma família musical, ele transitou do reggae para a música eletrônica, desenvolvendo um estilo próprio que mistura energia positiva e raízes culturais. Seu nome ecoa tanto nos clubes mais fervidos do Brasil quanto nos principais festivais internacionais, onde deixa sua marca como um dos grandes nomes do Tribal House.
Com influências que vão de Bob Marley aos pioneiros da música eletrônica, Rob construiu sua carreira de forma autodidata, superando desafios e explorando novas fronteiras. Do aprendizado solitário às parcerias com gravadoras renomadas, sua trajetória é um reflexo de resiliência e criatividade. Nesta entrevista, ele compartilha como transformou sonhos em conquistas, desde os primeiros contatos com a música até os palcos de eventos icônicos pelo mundo.
Rob Phillips é mais que um DJ; é um DESTAQUE da cena eletrônica global. Prepare-se para conhecer um artista que inspira, emociona e mostra que, com foco e talento, o céu é o limite.
Como foi crescer em uma família musical? Isso influenciou sua paixão pela música?
Crescer em um ambiente musical foi uma experiência mágica. Minha família era muito festiva, e a música estava em todos os momentos especiais. Meu pai e tios tinham bandas e organizavam eventos, o que me dava a chance de assistir a ensaios e ajudar na montagem dos equipamentos. Esse contato constante me fez perceber que a música seria algo muito presente na minha vida.
Seu pai teve uma grande influência na sua relação com a música. Como foi essa convivência?
O meu pai, sem sombra de dúvida, é a figura principal na minha relação com a música. Ele sempre foi um grande colecionador e estudioso do reggae, e o resultado disso é que meu nome de batismo é Robert Marlei, em homenagem ao rei Bob Marley. Meu pai sempre gostou de ir às lojas comprar discos originais dos artistas de que é fã, e esse gosto foi algo que eu adquiri através dele. Muitos dos discos que tenho foram presentes que ele me deu, e até hoje continuo comprando alguns.
Durante o ensino médio, você optou por estudar música em Salvador. Como foi essa experiência? Quais instrumentos você explorou?
A verdade é que não foi nada fácil, pois a escola era muito longe de onde eu morava, e eu decidi estudar lá justamente pela oportunidade de estudar música. Eu passava o dia inteiro na escola, com aulas de música pela manhã e outras matérias à tarde. Durante o tempo em que estudei lá, tive uma relação mais próxima com o canto, além de aulas de piano e violão.
Quando a música deixou de ser apenas uma paixão e virou uma carreira?
Quando comecei a frequentar baladas e curtir a noite em Salvador, me deparei com a figura do DJ, que era o ponto central de tudo o que estava acontecendo ali. Foi uma fase muito gostosa, de descobertas e novas experiências. Logo, meu interesse pela música eletrônica, especialmente a house music, se tornou inevitável, assim como o fascínio por tudo que envolve esse universo. Comecei a estudar, li muitos artigos, assisti a documentários e, posteriormente, fiz um curso com Oliver Jack, que foi um grande mestre para mim e para muitos DJs da cena eletrônica em Salvador. Não posso deixar de mencionar também que fui um dos primeiros alunos de Anne Louise, que já era um grande nome em Salvador e residente da San, a casa que me acolheu e me proporcionou experiências incríveis. Tive o prazer de ser residente por alguns bons anos.
Você cursou Ciência e Tecnologia na UFBA antes de se dedicar integralmente à música. Como foi esse período?
Foi uma fase de muito aprendizado, mas sempre senti que minha verdadeira paixão estava na música. Escolhi o curso pensando em estabilidade, mas, ao longo do tempo, percebi que precisava seguir o que realmente me fazia feliz. Essa transição foi difícil, mas hoje sei que foi a decisão certa.
A gente leu que você sempre soube que a música era seu primeiro plano. Como foi essa transição de decidir seguir a carreira musical em tempo integral?
Não foi uma decisão tão fácil, pois, inicialmente, não tive muito apoio. Como eu fui aprovado em uma das melhores universidades federais do país, onde muitas pessoas gostariam de ter a mesma oportunidade, ousaria jogar tudo para o alto e apostar em um sonho sem nenhuma garantia de que daria certo? Mesmo sem esse apoio e com poucos recursos, me dediquei, estudei e acreditei que sim, seria possível viver do meu grande sonho. Hoje, olho para trás com muito orgulho da minha trajetória e sinto que tudo valeu a pena. Faria tudo novamente, rs.
Como foi o início da sua trajetória profissional na música? Você começou diretamente como DJ ou a produção musical foi sua primeira escolha? E, já que você é autodidata, como foi o processo de aprender por conta própria? Teve alguém ou algo que te inspirou nesse caminho?
Eu me tornei produtor muito antes de me tornar DJ. Na época, não havia cursos de produção como os que temos disponíveis hoje, então a única forma de aprender era assistindo a vídeos no YouTube, trocando conhecimentos com outros produtores, e aqui gostaria de aproveitar o espaço para agradecer aos meus queridos amigos E-Thunder (Igor Tamengão), Edson Pride e Micke Hi, que foram grandes parceiros, profissionais incríveis e contribuíram muito nos meus primeiros passos com a produção.
Sua música tem uma assinatura forte e uma energia marcante. Como você definiria seu estilo e o que você busca transmitir com ele?
Eu sou o resultado de todas as influências que adquiri até este momento da minha vida! Energia positiva é o que dita o ritmo de tudo o que me proponho a fazer, e a cada dia tenho buscado estar o mais alinhado possível com esse propósito. Além, é claro, de levar um som de qualidade para o meu público.
Você já abriu shows para artistas como Anitta e Claudia Leitte. Como foi essa experiência?
Para mim, foi uma honra dividir o palco com essas artistas incríveis, cujos trabalhos admiro muito. Observando as carreiras delas, aprendi muito sobre determinação e foco, especialmente com a Anitta, que hoje conquistou o mundo e é um grande case de sucesso.
De suas apresentações fora do país, fale de uma que foi bem especial pra você.
Sou muito grato por todas as oportunidades que tenho de apresentar o meu trabalho, sejam nacionais ou internacionais. Mas a primeira vez que toquei na WE Party, em Madrid, foi muito especial. Eles são incríveis e o nível de produção das festas e profissionalismo é sempre impecável. Tive a oportunidade de trabalhar com eles em algumas outras edições e já estou ansioso para as próximas.
Ainda sobre suas experiências internacionais, quais se destacaram mais?
Nossa, escolher apenas um é muito difícil, mas com certeza a experiência de tocar na Ásia (China e Coreia do Sul) foi simplesmente inesquecível e mágica. Foi uma experiência que foi além do trabalho, com toda a imersão cultural nesses países, as descobertas gastronômicas e todos os pontos incomuns, o que tornou a experiência ainda mais interessante e enriquecedora.
Quais são as principais diferenças que você vê entre os públicos dos diferentes países onde já se apresentou? Algum lugar ou público te surpreendeu?
Nesse quesito não tem o que discutir, o público brasileiro é o mais fervido, o que se entrega mais durante as nossas apresentações, o mais engajado e comprometido com as demandas das festas. Mas os espanhóis e chilenos também sabem curtir uma boa festa e eu sempre tenho experiências maravilhosas tocando pra eles.
Entre as gravadoras que lançaram suas faixas e remixes, estão nomes de peso, como Queen House Music e Matinée Music. Como você enxerga a importância dessas parcerias na sua carreira?
Acredito que todo profissional, DJ e produtor, tenha a ambição de lançar suas faixas em gravadoras que são referência no seu segmento. É uma excelente ferramenta para ampliar nosso trabalho, pois a distribuição das faixas através dessas gravadoras permite que o nosso trabalho alcance o público global. Me sinto feliz e realizado por ter alguns dos meus trabalhos lançados nessas labels!
Como você avalia a cena Tribal e House no Brasil e os desafios enfrentados?
Ainda sofremos com os impactos da pandemia, especialmente pela falta de apoio de grandes marcas, entidades públicas e pela burocracia na produção de eventos no nosso país. A cena LGBTQIAPN+, especificamente, é muito vibrante, culturalmente importante e merece, com toda a sua diversidade, ser celebrada e reconhecida. Apesar dessas dificuldades, seguimos firmes no nosso propósito! Hoje, temos várias festas e clubes incríveis, e espero que o futuro traga muito crescimento e sucesso para nossa cena!
E para quem sonha em se tornar DJ ou produtor musical, que conselho você daria? O que você acredita que é essencial para se destacar?
Estude muito. Seja curioso e se coloque sempre na posição de um eterno aprendiz, pois constantemente, somos desafiados a renovar, reciclar a nossa entrega e conhecimentos. Olhe sempre para o presente, projetando um futuro melhor, mas o passado é um referencial que merece todo o nosso respeito. Com humildade e equilíbrio a nossa caminhada é muito mais fácil e prazerosa, então, muita atenção aqui. Acredito também que não chegamos a lugar algum sozinhos. Saiba ser grato por todas as pessoas que apoiam o seu trabalho, por todos os contratantes que te dão oportunidade, e principalmente, respeito e comprometimento com o seu publico. Entenda que as suas diferenças podem ser a sua grande fonte de força e inspiração. Acredite e respeite isso.
Para finalizar, o que você ainda sonha em alcançar?
Eu ainda quero levar o meu trabalho para muitos lugares, muitas festas, muitos países. Onde houver gente querendo curtir música boa, ser feliz e trocar boas energias, eu quero estar! E sim, tenho algumas festas e festivais nos quais gostaria muito de levar o meu trabalho, mas prefiro não mencionar. Acredito que tudo acontece no momento certo, e sei que logo, logo, vai acontecer, pois estou trabalhando para isso.
DJ Fernanda Rodrigues
Repórter Colors DJ
Edição de texto: Orly Fernandes e Dih Aganetti.