Alguns artistas tem o dom de passar sua energia para o público de diferentes maneiras – esse sem dúvidas é o caso de Nati M, DJ curitibana que além de sua habilidade como Disc Jockey, possui uma imagem muito forte em sua estética (algo que de fato chama atenção) e também uma presença de palco contagiante. Nati M inspira outros artistas em sua cidade e é inspirada por grandes nomes, ela é hoje uma DJ icônica na capital paranaense e nos contou um pouco de sua trajetória.
Olá Nati, tudo bem? Primeiro queremos agradecer por nos ceder essa entrevista. Vamos lá! Você frequenta esse mundo desde os anos 2000, começou como público até que foi para trás dos decks, o que levou você a querer tocar? Como foi esse momento em que você percebeu que queria ser uma artista e como foi esse começo?
Primeiramente gostaria de agradecer por essa entrevista. Sobre a sua primeira pergunta, o que me levou a me interessar pela discotecagem foi a energia que os DJs transmitiam nas festas em que eu frequentava.
Eu comecei a sair bastante em 2006, mas foi somente em 2014 que eu decidi embarcar como DJ. Como pode ver eu levei tempo para amadurecer esse pensamento de me transformar numa artista, eu poderia citar essa transformação a partir do momento em que muitos dos meus amigos me perguntavam sobre os artistas que iriam ou estavam se apresentando, eu buscava conhecer ou adiantar melhor o trabalho dos DJs para saber o momento certo para se curtir a festa, e nessa de me aprofundar no trabalho de cada um que surgiu o hábito de conferir tracks, salvá-las e posteriormente colecioná-las.
Como foi em casa, quando você começou a tocar? Como sua família reagiu a essa escolha?
No primeiro momento houve desconfiança, mas no momento em que eu ganhei meu primeiro cachê, eles entenderam que isso é um mercado como qualquer outro e me apoiaram naquilo que viam estar me fazendo bem.
Fale sobre lugares em que você se apresentou e te marcaram.
Zeitgeist foi o clube que me revelou no Techno, portanto, sempre haverá um carinho enorme e por todas as noites que eu me apresentei lá, o produtor e curador Zanella que trabalhava nesse antigo clube sempre foi clínico na montagem dos lines, lá tive noites absurdas ao lado da Dot Chandler (Fernanda Martins) e da Blancah por exemplo.
Outro lugar que me marcou foi a festa da Sense em Santa Catarina, onde tive o privilégio de dividir o line ao lado de duas mulheres que admiro muito, a Emmy Betiol e a Noizzed, sem contar com toda a equipe super atenciosa e o cuidado dos meninos Gabriel Tavares e o Leonardo aka Less em proporcionar uma festa alegre, leve e de muita qualidade, me senti realmente em casa, tanto que a label me convidou a fazer parte do time de residentes.
Minha apresentação fechando a pista do EOL (Elements of Life Festival) foi sem dúvidas muito marcante pra mim e para o público também, tanto que até nos dias de hoje muita gente ainda lembra e comenta comigo sobre esse dia, foi um festival muito bem organizado e a vibe do público estava leve e gostosa, quando entrei para tocar peguei a pista inteira cheia e mantive ela até o final, hoje sou também residente do EOL.
E por fim, minha estreia no Club Vibe com o Renato Cohen foi também uma apresentação a ser lembrada, assim como o festival Carnavibe, que contou com muitos artistas locais e nacionais talentosos
Você influenciou alguns artistas em Curitiba, como é saber disso? Poderia citar alguns nomes?
Eu não sei a quantidade exata de artistas que eu influencio ou influenciei, no entanto, tem alguns artistas próximos a mim que me revelaram que eu servi de inspiração, como é o caso da Nicole Lukiys, a Emely Saad e a Steh.
E quem influenciou você?
Eu poderia responder quem mais me influenciou e quem mais me incentivou e apoiou nessa mesma intensidade, foi sem dúvidas o Nassur, pois foi ele que me fez ver o Techno com paixão e entusiasmo. E de artista internacional, quem me influencia até hoje é a Ellen Allien.
Sabemos que existe muito machismo no mundo dos DJs, como foi isso pra você? Como foi ter que derrubar essas barreiras?
Olha essa é uma pergunta muito delicada – eu sofri uma única vez e me senti horrorizada e impotente, no entanto, eu decidi focar no meu trabalho e ajudar outras pessoas a se desenvolverem como artistas. Essa é uma atitude covarde de quem não tem talento para nada, são pessoas vazias com corações vazios, portanto, eu vi que nem vale a pena tentar mudá-las, mas eu por outro lado posso ficar cada dia mais forte com o meu trabalho conquistando o nosso respeito e fico extremamente feliz de saber que inspiro outras mulheres a se tornarem fortes.
Fale sobre seu novo projeto, a “Overdrive”.
A Overdrive nasceu de um conjunto mútuo de ideias entre Luís G, Moha (Kultra), Bervon, Nassur e eu. A ideia é construir algo novo na música eletrônica, envolvendo temáticas e uma experiência completamente nova em se tratando de festa independente. Queremos combinar audiovisual com temática gamer.
Você é casada com o também DJ Nassur, e disse que ele te influenciou e apoiou bastante! Hoje, como é a relação entre vocês no contexto da música? Além da Overdrive já realizaram outros projetos juntos?
A nossa relação musical sempre foi de muita sintonia, mas principalmente no quesito direcionamento artístico também, ele me ajudou muito na parte técnica e eu o ajudei muito nas suas relações públicas, portanto, 1 completa o outro. Quanto a outros projetos, já fomos fundadores de dois coletivos aqui na cidade dos quais hoje não fazemos mais parte.
E como está sendo conciliar a vida de mãe com a de DJ?
Está sendo bem tranquila, até porque a Helena tem muito contato com música eletrônica e ela adora dançar quando estou treinando.
Nas suas apresentações você costuma passar muita energia para o público, não só além da discotecagem, mas sua atitude no palco, você acaba “performando’’ também! Isso virou uma marca sua, certo?
Sem dúvidas, eu quando toco busco realmente me divertir e mostrar esse lado performático que existe em mim, amo o trabalho das profissionais da performance e isso acabou virando uma característica que o público espera de mim.
Na cena underground atual em Curitiba, o que você, Nati M, acha que pode melhorar? O que você mudaria?
Eu acho que de um modo geral, as coisas se repetem, ciclos começam, se desenvolvem e terminam, eu mudaria talvez a competitividade boba que existe dentro das pessoas. Eu acho o público sempre maravilhoso, mas o background por trás dos eventos eu acho pesado e desnecessário. Afinal, a música serve para conectar e fazer com que as pessoas se amem mais e saibam conviver com as diferenças.
Qual DJ você adoraria fazer um b2b ou quais?
Ellen Allien
Hector Oaks
ANNA
Nicole Lukiys
Lunatik
Fernanda Martins
CONTATO:
Tel: (55)(41) 99845-2207
e-mail: nataliamacedonatimdj@gmail.com