Suzy Prado é a DJ DESTAQUE que está transformando a cena eletrônica com sua paixão pelo Tribal House. Nesta entrevista exclusiva, ela revela como a inspiração em DJs mulheres a guiou para o sucesso na comunidade LGBTQIAPN+. Conheça sua jornada “fora da caixa” e os novos caminhos que está desbravando na música eletrônica.
Com 14 anos de carreira, Suzy se tornou um dos nomes mais respeitados do Tribal House. Representando a cena LGBTQIAPN+, Suzy combina talento, resiliência e uma energia contagiante, criando conexões únicas com seu público. Sua trajetória é um exemplo do poder da música para transformar vidas e quebrar barreiras.
Nesta conversa cheia de emoção, a DJ fala sobre como enfrentou desafios pessoais, explorou diferentes estilos e reinventou sua carreira na música eletrônica. Com momentos marcantes, como sua superação de um burnout, e novos projetos, Suzy está mais ousada do que nunca. Descubra por que ela é a “bonequinha fora da caixa” que está revolucionando as pistas e inspire-se com sua história. Não perca!
Suzy, queremos saber como foi sua infância e a sua adolescência musical? Quem da sua família ou amigo que te apoiou nas fases iniciais da sua vida?
Infelizmente na minha infância não tive muito contato com o mundo da música, apenas o “normal” digamos assim, ouvia as músicas que passavam nas rádios quando meus pais ouviam, o que era raro, na rua e festas de família. Tive uma curta fase pré adolescente que eu ouvia mamonas assassinas e pagode. Logo entrei para igreja evangélica, e aí você sabe né? Só ouvia música evangélica. Fui conhecer o mundo eletrônico, noite e festas já adulta aos 24 anos, e me apaixonei, me encontrei na música eletrônica, tive pouco apoio, mas os necessários.
Quando você decidiu mergulhar na música eletrônica e se tornar DJ? Conta pra gente como foi esse começo de carreira e as inspirações que te guiaram!
Sou de Rondonópolis, Mato Grosso, mas vivi quase toda minha vida em Goiânia. Hoje, com 39 anos e um filho incrível de 18 anos, posso dizer que já estou há quase 14 anos nessa jornada como DJ. Meu encontro com o universo das baladas e da música eletrônica aconteceu um pouco tarde, aos 23 anos. Comecei como promoter, e isso abriu as portas para entender mais sobre a cena e admirar DJs incríveis. Foi assistindo DJs mulheres como Laurize e Aline Ribeiro que me apaixonei por esse mundo e decidi que também queria dominar as pick-ups. Fiz meu primeiro curso em Goiânia, mas não parei por aí. Inspirada pela Aline Ribeiro, fiz outro curso na DJ Academy Brasil, em Brasília, e, em 2011, estreei no Athena Pub, em Goiânia, como DJ Suzy Prado. Em apenas seis meses, me tornei residente do Athena e fiquei lá por quatro anos. Depois, vieram as residências no The Pub e Avalon Club, que consolidaram minha carreira na cidade. Já toquei em várias festas e clubes pelo Brasil, e, buscando novos horizontes, me mudei para São Paulo no final do ano passado. A paixão pela música é o que me guia, e agora estou ainda mais focada em expandir minha carreira dentro e fora do Brasil!
Como você busca se atualizar na música eletrônica e explorar diferentes gêneros? E o que te levou a escolher o Tribal House como seu estilo principal?
O Tribal House foi o meu primeiro grande mergulho no universo da música eletrônica. Antes disso, eu até ouvia EDM, mas sem muita frequência. Foi o Tribal que realmente despertou minha paixão, especialmente por ser tão presente na cena LGBTQIAPN+, que é o meu espaço de trabalho e vivência. Embora eu também goste e toque EDM em algumas ocasiões, o Tribal House tem um lugar especial no meu coração. É nele que sinto uma conexão mais forte com as pistas e com o público, e é o estilo que melhor traduz a energia que quero transmitir.
Você mencionou que explora outros gêneros além do Tribal House. Como surgiu o projeto de Deep House e qual impacto ele teve na sua carreira?
Durante a pandemia, criei um projeto de Deep House como uma forma de sair da minha zona de conforto. Gravei sets e mashups em casa e publiquei no YouTube e SoundCloud para explorar o estilo sem me prender exclusivamente ao Tribal House. Isso foi essencial para meu crescimento como DJ e produtora, já que percebi o quanto conhecer outras vertentes expande a criatividade. Hoje, toco Deep e Tech House regularmente em São Paulo, mas não vejo mais a necessidade de separar os gêneros. A música é um universo amplo, e flertar com diferentes estilos só enriquece minha identidade artística.
Suzy, como é ser mulher dentro desse universo de DJs? Você percebe dificuldades ou há uma melhor aceitação atualmente?
Hoje em dia, sim, é melhor. Quando comecei, eram poucas DJs mulheres, e apesar de o mercado ter uma maior aceitação atualmente com mais mulheres nas cabines, ainda existem dificuldades e barreiras nesta profissão, tanto no Tribal House quanto em outras cenas do House Music. Para nós, mulheres, sempre é exigido muito mais, e na música, infelizmente, não é diferente. Além de mostrar todo o nosso talento e musicalidade, também há a questão da beleza, aparência e tudo mais que o mercado exige da mulher (claro que há cobranças também para os DJs homens, mas nem se compara). Na verdade, para todos os artistas em geral, existem cobranças e dificuldades. Mas estou feliz por olhar e ver que hoje existe muito mais de nós nas cabines e que, aos poucos, estamos conquistando cada vez mais espaço.
Parando pra lembrar de momentos de grande dificuldade que você conseguiu superar e dar a volta por cima. Teria algum que você poderia dividir com a gente? Alguma dica para quem tá iniciando e precisa ter essa resiliência?
Enfrentei momentos difíceis, como em 2016, quando a depressão me afastou dos palcos por quase um ano. Crises de pânico e a perda do propósito na música me paralisaram. Procurei terapia, entendi minhas dores e me reconectei com meu amor pela música. O desafio foi duro, mas essencial para meu crescimento. Hoje, compartilho essa experiência para lembrar a importância de se manter fiel ao seu propósito. Resiliência e paixão são a chave para superar qualquer obstáculo.
Se pudesse listar, quais seriam os três importantes momentos na sua carreira como DJ? Nos conte um pouco sobre eles.
Como a música e o ser DJ transformou minha vida, me expandiu como pessoa, me fez e ainda faz conhecer várias Suzy. Me tornou mais resiliente, confiante e forte. Depois, as conexões. Como é maravilhoso conhecer pessoas de todos os lugares e se conectar. E por último, me deu um propósito de vida, que é tocar as pessoas com minha música, energia e verdade.
Nos conte, quais DJs mais te inspiram a ser criativa e a querer alcançar voos mais altos? E porque das escolhas desses nomes?
Eu tenho várias referências, em cada um absorvo algo, musicalidade, postura, entrega e energia: Filipe Guerra, Allan Natal, Karol Figueiredo, Laurize e Má Rodrigues. Também acompanho e me inspiro em DJs de outras vertentes, outras cenas como o trance, principalmente nas produções musicais: Neelix, Vegas e Ghost Rider. Cada um deles me inspira, motiva e me fortalece de uma forma.
Para encerrar, o que podemos esperar de Suzy Prado? Você tem projetos em mente? Pode falar sobre eles? E deixe um recado para quem está começando na cena.
O que podem esperar? A bonequinha está FORA DA CAIXA (risos)! Recentemente gravei e postei um novo set com o título “Fora da Caixa”. Ele vem para contar sobre esse novo ciclo, nova fase que estou literalmente vivendo fora da caixa, não só pela mudança de cidade, mas também pela mudança interna de visão, pensamento e postura da DJ Suzy Prado. Quero de fato explorar e mostrar a artista incrível que existe aqui. Estamos trabalhando, buscando referências e ideias para trazer novidades. Aguardem! Muita coisa boa vem aí. E para quem está começando, só digo: JAMAIS DESISTA DOS SEUS SONHOS! Não é um caminho fácil, como em tudo na vida, mas é lindo. Não se limite e nunca deixe de acreditar no seu potencial. Claro, busque conhecimento, aprenda, estude muito, se dedique, ame e viva a música. E estou muito feliz e grata em poder contar um pouco da minha história, que inspira muitas pessoas. MUITO, MUITO OBRIGADA!
DJ Mardel
Repórter responsável pela entrevista
Edição de texto: Orly Fernandes e Dih Aganetti