A DJ Gab Brasil, agora Gabý Brazil tem se destacado no cenário musical, principalmente na cena Open Format e do entretenimento ao longo dos últimos sete anos, proporcionando experiências únicas para o seu público. Seu talento a levou a ser reconhecida e requisitada por grandes marcas e eventos, além de ter participado de festivais renomados como CapsLock e BurningMan. Gabý é uma figura ilustre na noite paulistana, com presenças marcantes em eventos de grifes e é conhecida por discotecar em locais icônicos de São Paulo.
Ela também é percussionista e integra a bateria do Teatro Oficina, considerado um dos teatros mais irreverentes do mundo pelo The Guardian. Sua versatilidade como artista se reflete na diversidade de gêneros musicais que abraça, do House ao Pop Music.
Nesta entrevista exclusiva que ela nos concedeu, vamos mostrar sua trajetória desde o início como hostess nas baladas da Rua Augusta até se tornar uma DJ de destaque, sua jornada na arte Drag, suas experiências em eventos de grande porte, e a importância de sua expressão artística e cultural LGBTQIAPN+. Vamos conhecer mais sobre nossa DJ DESTAQUE, uma artista que continua a transformar marcas, pessoas e espaços através de sua música e presença vibrante. Confira agora essa super entrevista!
Gabý, para começarmos, poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória e como a música influenciou sua vida desde a infância?
Inhai mores, turupoom!? Prazer, sou a DJ Gabý Brazil! E posso dizer que nasci da sede de viver. E digo viver, pois desde a minha infância tenho a música muito presente na minha vida e me lembro que sempre me fez muito bem!
Sempre senti a pulsação da música, a alegria, a vontade de dançar que acredito que me deu muito impulso de querer fazer as pessoas sentirem o mesmo através da batida e da pista.
Em qual momento você teve a virada de chave e te levou a abandonar o seu trabalho como hostess para se tornar DJ?
Comecei na noite como hostess, nas baladas da Rua Augusta em São Paulo e ali já na ânsia de comandar uma pista e realizar o meu próprio fervo Drag, pedi para alguns amigos e amigas que tocavam nos clubes que trabalhávamos, para me ensinar a tocar. Lembro também que muito antes de trabalhar na noite, com os meus 18 anos, sempre que podia acompanhava uma grande amiga minha DJ a tocar e eu ficava observando por horas ela mixar e envolver o público.
Você acabou de mencionar que acompanhava uma amiga DJ em eventos importantes. Como essas experiências moldaram seu caminho?
Na segunda festa que a acompanhei essa amiga, era aniversário de um grande ilustrador de capas de discos e que contou até com a presença do Paulo Ricardo do RPM e na outra vez, acompanhei ela discotecando nos intervalos do show do cantor Toni Tornado, que na época cantava Samba Rock em Perdizes, cerca de uns 10 anos atrás.
Desde a primeira vez que a acompanhei e subi nas cabines, senti um reencontro, que era ali que tinha que estar e parecia que eu tinha certo potencial para comandar as pistas e finalmente SENTI PAIXÃO por algo que eu fiz. Passei então a enxergar uma perspectiva, como carreira e tem sido assim desde 2017. Depois realizei cursos e mentorias com DJs experientes, mas levou um bom tempo.
Pode nos contar sobre a primeira vez que se montou como Drag e como essa arte influenciou sua vida pessoal e profissional?
A primeira vez que me montei foi uma libertação, em algum Carnaval cerca de 9 ou 10 anos atrás. Depois me deparei com Drag Race e toda a cultura Ballroom e não parei mais de me expressar através da arte drag. Embora eu tenha a lembrança de desde dos meus 7 ou 8 anos de idade me montar com as roupas e maquiagens da minha mãe (risos).
Quais são as suas principais referências para sua arte Drag?
A minha Drag tem muita referência das atrizes e vedetes do passado. Misturo essa ideia com a cultura Clubber, apresentando uma estética Clubber, Chic, Elegante com algumas nuances rebeldes e selvagens se apresentando muitas vezes como uma RockStar.
Como a arte Drag contribuiu para sua descoberta e afirmação de identidade de gênero como mulher trans?
A arte Drag foi muito importante para eu começar a “arriscar” e ter coragem de ser quem eu de fato sou hoje e fazer e viver como sempre quis! Não só para eu me expressar no mundo da música e do entretenimento mas principalmente na minha jornada de descoberta e identidade de gênero, na qual hoje me reconheço como uma mulher Trans, Artista e DJ.
Como foi a sua experiência participando de um comercial da MTV Brasil em parceria com a Doritos Rainbow? E qual a importância desse momento para você e para a visibilidade LGBTQIAPN+?
Foi muito gratificante. Lembro que foi o primeiro momento que me senti reconhecida como Drag, quando realizei essa breve participação num comercial da MTV Brasil em parceria com a Doritos Rainbow, compartilhando rapidamente como foi me assumir para sociedade e família e assim ajudar/empoderar jovens a fazerem o mesmo em suas residências e ciclos pessoais. Foi muito especial e até hoje colho os frutos deste momento.
Outros momentos que me senti GIGANTE foi quando pude me aproximar dos ícones que sempre admirei na carreira Drag, como Sasha Velour e Bianca del Rio, ambas vencedoras de RuPaul’s Drag Race. E o dia que eu fui DJ para Lí Martins do Rouge em seu show, simplesmente meu grupo favorito da infância! Quando tive oportunidade de conhecer e trabalhar com quem admiro, tive a certeza de que estava no caminho certo!
Hoje, diferente de 7 anos atrás, me sinto confiante na minha entrega, até pelas realizações, pistas e parcerias artísticas de grande responsabilidade que pude liderar ao longo da minha carreira. Estou sempre atenta em como posso gerar novas experiências sonoras de forma única e visual, mas que seja impactante para o público, pois sei que assim nos veremos muito em breve nas pistas dos diferentes eventos.
Como você se sente ao ser reconhecida por grandes marcas e agências? O que significa para você ter o apoio de empresas como a Google, YouTube, TikTok e Amazon?
Ser reconhecida por grandes marcas é UM LUXO! O reconhecimento graças a Deus veio rápido e não necessariamente na noite ou no underground como eu esperava num primeiro momento, mas sim por marcas e agências que nunca imaginei ter como clientes! Google, Youtube, TikTok e Amazon, elas não só acreditaram no meu potencial, mas além disso, reconhecem o meu valor e fazem questão de se conectarem às minhas fortalezas artísticas com suas audiências, funcionários e clientes, o que possibilitou me expandir rapidamente no meio artístico e do entretenimento. Muitas vezes rola até disputa de datas e bookings, me sinto lisonjeada e única, afinal nunca ocorreu nos demais espaços como nas big techs.
Qual a relevância de sua atuação artística e cultural dentro da comunidade LGBTQIAPN+? Como você vê seu papel e impacto ao representar esta cultura em diferentes espaços?
Por ser uma embaixadora do entretenimento, através da música e da cultura Drag, percebo muitas vezes que transmuto e ressignifico paradigmas e conceitos apenas com a minha presença em determinados espaços, pois costumo ser a primeira pessoa LGBTQIAPN+ que muitos têm o primeiro contato ou referência, trazendo assim uma nova perspectiva e vivência para aquele espaço e aquelas pessoas. Logo, espero ser relevante o suficiente para reforçar, apenas com a minha presença, potência e a necessidade de eu não ser a única ou última, mas sim a primeira de muitas a dar visibilidade a urgência de pessoas LGBTQIAPN+ compor espaços e lideranças corporativas.
Quais foram alguns dos eventos mais memoráveis em que você se apresentou?
Pude discotecar no camarote da Amazon no ano passado e palestrar em um evento do Google Pride, durante o mês do Orgulho LGBTQIAPN+. E o bacana de colaborar com essas marcas é o sentimento de protagonismo e confiança no seu trabalho artístico, valorizando o nosso conteúdo e presença junto à marca, podendo assim ser agentes transformadores através da arte e da música.
Pode destacar alguns eventos marcantes e explicar a importância deles para sua carreira?
Discotecar no evento Creators Collab do Youtube foi no mínimo surpreendente, pois nunca imaginei tocar na cobertura do Hotel Rosewood, simplesmente um Hotel 6 estrelas, luxuoso e um dos melhores do mundo, para um público de Youtubers e Creators, e ainda mais ao lado de Mulú (Produtor da Pabllo Vittar) e Valenttina Luz, referência em House Music.
Participar da Premiere do Drag Race Brasil também foi um momento muito emocionante! Quando recebi o convite me recordei muito, do inicio da minha carreira Drag, no qual queria estar neste nicho e neste evento, com as nacionais e as internacionais! E foi de fato um marco, pois no mês seguinte fui convidada para trabalhar como promotora dos eventos que trouxeram grandes Drag Queens como Bianca Del Rio, Morgan Mcmichaels, April Carrión e Ongina (Casting Internacional de RuPaul ‘s Drag Race).
Ser convidada para participar do Meta Entertainment Talks, uma das maiores empresas do ramo de tecnologia, foi também surpreendente e uma chuva de aprendizado! Neste evento fui convidada pela Meta para entender o que há de mais inovador nas estratégias digitais no nicho de música e entretenimento e como me posicionar artisticamente por meio de estratégias de conteúdo e formatos. Óbvio que eu marquei presença montadíssima e, com certeza, as estratégias compartilhadas ajudaram a eu estar dando esta entrevista.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou como DJ e Drag? Pode compartilhar com a gente algum momento difícil e como conseguiu superá-lo?
Os bastidores! Quem vê close, literalmente não vê corre! Lembro que prestes a gravar um grande comercial da marca Converse, um dia antes tive minha casa roubada e equipamentos levados, para não perder a oportunidade, mesmo muito abalada fui para o set e precisei agir com muita emoção e felicidade do roteiro que eu estava atuando.
Realmente a arte Drag nos ajuda a ir muito além dos nossos limites e a achar força na nossa essência e relembrando o nosso propósito, é ali que consigo achar e reconhecer a minha força e que me faz acreditar que vou vencer cada desafio. E o segundo momento, foi também de bastidor!
Saindo de um jantar acabei sendo agredida e espancada porém não levaram nada, ou seja, ficou concluído que era um crime de intolerância, infelizmente um daqueles momentos que vivemos frente a frente a dor de ser quem somos. Tive duas fraturas no ombro direito, rosto machucado, 9 pinos e uma placa de titânio. Imaginei que não conseguia mais tocar ou performar, mas não desisti, foi um grande atraso na vida e na carreira mas me recuperei e tive feitos e conquistas muito maiores após tudo isso!
Nossa que momento tenso Gabý. Mas agora conta para a gente, quais foram os momentos mais gratificantes da sua carreira, o que te traz mais alegria e realização na sua jornada como artista?
O dia em que o médico falou que eu estava livre de sequelas no ombro, mãos, braço e cotovelo. Ali me deu um MEGA ALÍVIO de que eu poderia retornar às discotecagens e cumprir o meu propósito de fazer as pessoas felizes e dançarem muito! Nem que seja por um pequeno instante, mas que fosse entretenimento de qualidade e feito por mim!
Outros momentos, foram como esses que mencionei acima, como poder trabalhar e colaborar com algumas das artistas que mais AMO! Inclusive internacionais! Tenho certeza que em muito breve serão muitas e muitos mais!
Para finalizar, gostaríamos de lhe agradecer por ter topado em participar da nossa entrevista e que mensagem você gostaria de deixar para seus fãs, admiradores do seu trabalho e para quem lhe acompanha?
Recadinho Final: É necessário encontrar alegria e prazer nas experiências cotidianas e ter a capacidade de ver além do superficial, de forma consciente e ampla! Acredite no processo, em você, em mim, no seu PODER! no nosso TALENTO, NA NOSSA JORNADA! Agradeço por te ter brevemente na minha vida e na minha história e espero que você agradeça por eu contribuir minimamente na sua! Te espero na pistaaaa! Besos de Luz! Gabý Brazil.
Repórter: Fred Rigoni
Editores: Orly Fernandes e Di Aganetti.
