DESTAQUE | DJ FOXX: Do Charme ao Funk, a Trajetória do Hitmaker Carioca

De sets memoráveis nos maiores eventos do Brasil à mentoria de novos talentos, DJ Foxx reflete sua paixão e versatilidade na cena LGBTQIAPN+ 

DJ Foxx é a essência da energia e versatilidade na cena LGBTQIAPN+. Conhecido por transitar entre Funk, Afro House, Disco e Pop, ele transforma pistas em verdadeiros espetáculos. De sets épicos no Chá da Alice ao início emocionante Na Laje de Louise Brandão, Foxx que é DESTAQUE conquista o cenário musical com autenticidade.

Reconhecido como um dos DJs mais vibrantes do Rio, Foxx também é mentor de novos talentos e defensor da diversidade musical. Sua história vai além das pick-ups, misturando estilos e levando energia às pistas em eventos como Paradas LGBTQIAPN+ e festivais icônicos. Agora, ele explora a produção musical, prometendo sons autorais que carregam sua identidade única.

Nesta entrevista exclusiva à Colors DJ Magazine, DJ Foxx compartilha momentos marcantes, desde as reuniões familiares embaladas por Charme até suas apresentações em shows de Ludmilla e Glória Groove. Descubra como o hitmaker carioca é DESTAQUE e está moldando o futuro da cena musical com paixão e um toque de ousadia!

Quando você percebeu que a música fazia parte da sua vida? Houve algum momento especial durante as reuniões familiares que marcou sua relação com a música?

Desde que eu me entendo por gente eu sempre gostei de música, eu sempre consumi música, as reuniões de famílias eram sempre marcadas pra mim quando começava a escurecer, começava a tocar Charme e Disco Music, então eu ficava muito ansioso pelos domingos por conta disso, que eu sabia que teriam aquele momentos com aquelas músicas, isso marca bastante até hoje! 

Como a diversidade musical que você vivenciou em casa influenciou seu estilo como DJ?

Isso de alguma forma me influenciou 100% por conta, literalmente, de crescer ouvindo de tudo. Eu tenho uma visão bem ampla que consigo facilmente transitar por todos os estilos musicais. E o mais legal de tudo, que cresci ouvindo mesmo de tudo. E hoje em dia, dependendo da ocasião, eu consigo aplicar tranquilamente no meu set!

Qual foi o impacto da sua experiência como promoter na festa DIVINA na sua decisão de se tornar DJ?

Graças a Deus apesar de tímido, eu sempre fui MUITO comunicativo. Então eu tive uma base, um apoio muito grande tanto da parte dos amigos quanto dos clientes que eu conquistei. Não era fácil se tornar DJ, por conta de que era tudo muito por indicação, então sair de uma festa de promoter pra DJ era algo grandioso, uma responsabilidade gigantesca que graças a Deus posso dizer que administrei tudo com maestria.

Conte sobre a primeira vez que você tocou oficialmente como DJ, em março de 2016. Como foi essa experiência?

Meu primeiro convite veio da drag Sasha Zimmer que tinha uma festa na antiga boate sinônimo que me convidou, que aconteceu uma situação engraçada, eu fui com 12 pendrives e uma case com 27 CDs, a aparelhagem era BEEEM ANTIGA e limitada, eu não tinha muito conhecimento, então alguns pendrives não leram, alguns CDs não rodavam, eu desesperado comecei a chorar falando que nunca mais iria fazer isso, Sasha me pegou pela mão, me acalmou e falou pra eu voltar, depois que me acalmei, graças a Deus deu tudo certo, eu tive um mix de sentimentos que era bizarro, mas ali só confirmou que eu tava no caminho certo!

Você se lembra de como foi a primeira vez que tocou na laje da casa da Louise Brandão? O que mais te atraiu naquele momento?

A sensação que eu senti de ver as pessoas bem, dançando, às vezes aquele momento que você sai pra ouvir uma boa música você esquece de tudo momentaneamente, as pessoas virem falar que tava legal, que eu arrasei, sentir aquele dever de trabalho bem feito, nossa, ali eu senti que eu tinha realmente nascido pra isso!

Qual foi o papel do produtor Guilherme Zattar no início da sua carreira? Como ele ajudou a moldar o DJ Foxx?

O Zattar foi o pilar principal, além de ser meu produtor era meu amigo, nessa primeira vez minha ele tava lá, ele sem dúvidas falou que eu tinha potencial que era pra estudar que eu realmente tinha potencial pra isso, então quando ele viu que eu tava preparado pra tocar na Pipper Club ele me colocou pra abrir o show da Glória Groove que na época era o primeiro show dela no Rio de Janeiro, a partir dali a Pipper foi uma vitrine MUITO GRANDE pra mim! Só um adendo, eu tive duas pessoas que foram pilares principais que me ajudaram MUITO que foi a DJ Natz e o DJ Vinny Motta!

Sendo um DJ open format, como você encontrou sua identidade musical consolidada no Funk e Pop, e o que te levou a explorar vertentes como Afro House, Disco e Tech?

O pop sempre foi presente na minha vida quando comecei a me interessar mais pela Cultura Pop, costumo dizer que minha personalidade foi moldada através da MTV que me fez ficar obcecado pela Cultura Pop, e o Funk sempre foi presente na minha vida e na época DJs de Funk eram quase inexistentes, até que o Zattar me ligou pedindo um set de Funk pra ele malhar, fiz e mandei, passou alguns dias saiu um evento que fui marcado, achei que era só uma publicação zoando, quando eu parei pra ver ele simplesmente me jogou em um evento no Sacadura Cabral (antiga The Week) e eu iria vir logo depois do show da Pabllo Vittar (que no dia foi o episódio que a gay puxou a peruca dele no palco) até então para meu maior público, que deviam ser 2 mil pessoas, ali nascia o DJ Foxx no Funk, que graças a Deus sou muito respeitado em relação a esse nich!

Ao longo dos anos vim explorando outras vertentes, o House já tava se tornando bem frequente nos meus sets com alguns remixes, até eu descobrir o Afro House/Disco House e o sub gênero no House chamado Funky Disco, que nada mais é que elementos de Disco Music, Funk e Soul, então juntou mais duas coisas que eu amo, e estudar isso tá sendo incrível, satisfatório!

Entre eventos icônicos como Chá da Alice, Festival Popline e festas LGBTQIAPN+, quais apresentações mais te marcaram e por quê? 

Cada um desses tem um significado especial pra mim, ser chamado pra tocar no maior Chá da História que foi no Tivole Parque que teria show da Anitta foi BIZARRO, mas pela grandiosidade naquela época, eu fiz um evento da festa Mara, chamado super Mara, que foi a primeira vez que eu toquei em um estádio de futebol (Nilson Santos) acho que esse me marcou mais, não pela grandiosidade mas por que muita gente que hoje em dia é DJ disse que teve vontade de discotecar depois de me ver no Engenhão, então acho que isso marcou muito pra mim!

Quais foram os maiores desafios e aprendizados ao abrir shows de artistas como Pabllo Vittar, Glória Groove e Ludmilla?

Nossa, abrir o show pra Pabllo foi maravilhoso. Abrir o show da Ludmilla no estádio Nilton Santos foi algo que eu fiquei completamente anestesiado por semanas. Foi a primeira vez que eu me apresentei com um Ballet, mesmo sem saber dançar nada e ensaiando. Eu sempre achei que se pudesse levar um entretenimento a mais para o público seria incrível. Briguei um pouco e confesso que para isso acontecer. Graças a Deus, isso hoje em dia, se tornou mais fácil de levar esse tipo de entretenimento. Mas abrir o show da Glória Groove na quadra da Portela, em uma Festa do Branco foi incrível. Eu fiz as músicas e meu coreógrafo Raphael Marchene, executou tudo da forma que eu imaginei, então ali marcou muito pra mim.

O que significou para você tocar em eventos como Paradas LGBTQIAPN+ e ações da Red Bull?

Bagagem e aprendizado. Imagine ser chamado para um evento da Red Bull é tipo, mega bizarro sabe? Você vê onde o seu trabalho te leva, seu talento alcançando lugares inimagináveis! E tocar na Parada LGBTQIAPN+ eu sempre me emociono, me emociono muito, por que é uma representatividade e uma responsabilidade muito grande, não é todo dia que estamos tocando na orla de Copacabana lutando, representando uma galera e ainda tocar  para milhares de pessoas que estão ali pela mesma causa que você é simplesmente lindo.

Como é adaptar seu setlist para eventos privados, como o aniversário de Brunna Gonçalves?

Eu fui convidado justamente pela versatilidade do meu set. Eu toquei no aniversário do coreógrafo da Ludmilla, o Edson Damazzo (Bibiu), que é meu amigão. Algum tempo depois, ela queria um DJ para fazer o Warm Up do aniversário dela. Quando ele citou meu nome, ela lembrou de mim e entrou em contato comigo por DM.

De onde surgiu a ideia do curso de DJ com valores acessíveis? Como é ver alunos como Kathy Maravilha e Lukas Oliveira se destacando?

Eu sempre fui um dos poucos DJs que sempre rodou o Rio de Janeiro todo, por que teve uma época que até ser quebrado isso, os DJs de cada lugar só tocavam em suas respectivas áreas e como eu rodava tudo eu via muito talento BOM sem poder pagar o valor de um curso, até que Zattar teve ideia de fazermos esse curso, que graças a Deus deu certo, eu amo o que eu faço a ponto de ensinar sem problemas nenhum, queria poder fazer mais, queria poder dar aula gratuita do básico pra quem realmente não tem condições, mas na fé eu vou conseguir uma CDJ e vou dar continuidade nesse projeto que eu tenho de ajudar quem realmente não pode arcar! Ver a Kathy e o Lukas decolando é incrível, Kathy tá desbravando esse Brasil com o talento e o carisma dela e o Lukas que é meu amigo ver ele comandando a CDJ na turnê de Funk Generation da Anitta é bizarro, eu me sinto completamente realizado!

Como é fazer parte da equipe da Pink Flamingo, a maior Casa Pop do Rio de Janeiro?

Pink Flamingo é o templo do Pop, eu me sinto lisonjeado de ter sido convidado pelo Thiago Araújo pra fazer parte desse time incrível de talentos, tanto de DJs quanto de Drags, Pink é um lugar que tá sempre celebrando a cultura Drag, a cultura LGBTQIAPN+ é poder fazer parte dessa casa que é uma resistência grande pra cena, eu estando tanto tempo exercendo o que eu amo é inexplicável!

Agora que você estuda produção musical, como imagina que suas músicas refletirão sua trajetória e estilo?

Vai trazer tudo que eu sempre vivi nesses anos, meus sets eu costumo dizer que tem muito da minha personalidade, eu vou produzir músicas que as pessoas vão ouvir e com certeza falar: ISSO AQUI É A CARA DO FOXX! Acho que por minha essência nas minhas produções vai ser o meu diferencial, porque cada set meu eu trago alguma novidade diferente!

Quais são os próximos passos na sua carreira? Podemos esperar lançamentos ou colaborações?

Como disse anteriormente eu tô aos poucos tentando adentrar ao universo House que eu acho simplesmente incrível e poder fazer algo fora do meu seguimento juntando dois estilos que eu amo (House e Disco Music ) tá sendo super incrível, então podem esperar bastante música boa, mashups incríveis, vou mostrar um Foxx com um som mais maduro, porém, jamais deixando minha essência que é o Pop e o Funk! 

Em breve deve sair um projeto meu chamado PLAYER 2 que eu sempre convido alguém da noite carioca (artistas em geral) pra cantar um pouco da sua trajetória, da sua história e por fim faremos uma collab lançando um set juntos! Tem outras coisas também BEM LEGAIS porém só posso falar para aguardarem rs!

Que legado você gostaria de deixar na cena Open Format?

O legado que quero deixar na cena musical não é só a minha dedicação e paixão pela música, mas também o impacto positivo que eu quero deixar para as próximas gerações. Eu quero transmitir conhecimento e experiência aos outros, seja por meio de cursos ou conselhos, é algo que vai muito além da minha carreira individual de DJ – é sobre ajudar a criar uma comunidade e assegurar que o que eu aprendi e vivi seja perpetuado.

Quero ser lembrado pela minha versatilidade musical e autenticidade que é focada no amor que tenho pela música, algo que pode ser muito inspirador para quem está começando agora. Meu foco é sempre lançar novos talentos, quero que meu legado seja construído tanto na música quanto nas pessoas que eu ajudo a moldar quando passo o que sei. Concluindo: Ou seja, quero ser lembrado como mentor e um facilitador de novos talentos, garantindo que tudo que construí continue vivo, lembrado e evoluindo.

O que você diria para quem está começando agora e sonha em ser DJ?

Para quem está começando agora ou pretende se iniciar e sonha em trilhar um caminho na música como DJ, eu diria que o mais importante é ter personalidade e dedicação. A jornada pode ser longa e cheia de desafios, mas a chave é se manter fiel ao que você ama e não desistir.

Estudem, estudem bastante, façam pesquisas musicais, DJ não é só sobre tocar músicas, é sobre criar uma experiência para o público, conectar pessoas e fazer com que elas vivam momentos inesquecíveis por meio da música. Aos que tem pretensão de se lançarem, minha DM, meu inbox, minhas redes sempre estarão disponíveis para quem tem qualquer dúvida, só me chamar.

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DIH AGANETTI

Editor-executivo e Repórter
Edição de texto: Orly Fernandes

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