A vida não é uma só. Ela é um conjunto de jornadas. Fazemos várias jornadas ao longo da vida. A gente espera que cada uma delas nos leve para um lugar de satisfação, alegria e realização. Esta nossa vontade nos atinge e atinge os outros, de forma a nos animar e fortalecer nossos laços de afeto, por isso, se conhecer é importante, além de ter ao nosso lado aqueles que amamos e nos dão suporte.
Veja! Todo dia você assume as suas jornadas. Você, uma pessoa pronta para construir uma narrativa ao longo das próximas horas, das próximas semanas, meses, anos. Narrativa esta que implica escolher coisas para dar sentido a sua vida e te manter conectado a ela de modo prazeroso. Coisas do tipo: carreira profissional, ocupações filantrópicas, diversão, relacionamento, saúde e bem estar, enfim.
A vida é um projeto de propósitos interligados. Em cada propósito assumimos uma direção, estipulamos objetivos e metas, planejamos estratégias. Tudo isso se configura em quem nós somos, fazemos, sentimos, temos. Nesse processo assumimos identidades. Elas se constroem durante este processo contínuo e contraditório. Somos vários, porque assumimos inúmeros projetos diferentes com o passar do tempo.
Perceba que se você escolher seguir a carreira de enfermeiro, na prática da enfermagem, você assumirá a conduta relativa a este campo de atuação profissional, porém não deixará de ser o humano que é antes de se tornar enfermeiro. Logo, nossas identidades se confundem com nossos projetos. São os dois em constante construção. Os projetos são nossas partes reveladas em contextos diferentes, em tempos distintos, todos legítimos e nenhum eternamente fixado.
Dessa forma, você pode ser artista e enfermeiro, ou ser engenheiro, ou ser professor, ou ser esteticista ou até mesmo tudo isso. Uma pessoa pode assumir cada propósito destes em diferentes ou ao mesmo tempo. Perceba também que é possível uma artista mulher se empenhar em levar alegria para crianças de comunidades pobres. Como também, uma engenheira negra se envolver com a construção de casas para refugiados até sentir que cumpriu com a sua parte. O médico transgênero que tem como objetivo encontrar um outro homem para dividir as circunstâncias da vida por 10 anos ou por toda a vida. Há o DJ que tem como meta fazer um set mostrando como é bom curtir a vida. Tudo isso é perfeitamente possível e diz respeito a quem nós somos, temos, sentimos, fazemos.
Sabendo disso, temos decisões a tomar. Nenhuma para sempre e todas tem seu tempo adequado. O que temos que fazer é escolher algo e seguir até a próxima vez de decidir de novo, escolher de novo e seguir de novo. Claro, como você já percebeu, é sempre desafiador. Desafio e projeto são elementos conectados.
Nosso projeto deve ser para nós, mas para além de nós também. Tem que envolver o outro, uma comunidade para gerar valor humano.
Bom, esta é uma conversa gostosa e não dá para esgotá-la aqui, por isso, eu criei um grupo no facebook para a gente estender o papo por lá com outras pessoas com o mesmo interesse.