O título desta coluna é um trocadilho com um dos versos da música de Pepeu Gomes – Masculino e Feminino
Ao longo da história, a masculinidade assumiu um padrão pouco diversificado, com características determinadas pela força impositiva da cultura machista-patriarcal, no entanto, com os debates sobre gênero e sexualidade promovidos por movimentos sociais, ela deixa de ser concebida como um tipo único e passa pelo processo do seu reconhecimento na diversidade social.
O machismo e o patriarcado como força impositiva
O machismo e o patriarcado usando de sua dominância impõe um padrão de comportamento para o ser masculino. Dessa maneira, a ideia de masculinidade sempre esteve atrelada a condições instituídas arbitrariamente e, além disso, cerceando qualquer outro modo de praticá-la. Um exemplo disso bem aparente está na maneira como homens se vestem. Outro exemplo característico é o modo como o homem fala, os seus trejeitos entre outras situações do cotidiano.
O estereótipo de homem imposto
Diante disso, o estereótipo de homem, originado na cultura machista-patriarcal, tem que ser, compulsoriamente, forte, insensível, indelicado, não criativo, agressivo, provedor, dominador, não ser afeito à sentimentalismos, ligado ao trabalho braçal, ter espaço de fala garantido de qualquer jeito e superior aos outros gêneros. O contrário disso é considerado um desvio, um desvalor e muitas vezes deslocado para o que foi pré-definido como feminino.
A resistência
Esse ideal machista encontrou grupos de resistência que não se sujeitaram e, além disso, propuseram o debate desse modelo opressor.
O Movimento Feminista teve suma importância nesse processo, pois, no decorrer das suas lutas históricas, ocupa seu espaço social de direito, propõe a reconstrução da organização familiar e social, promove o acesso da mulher à educação e ao mercado de trabalho, garantindo espaço para ressignificar as identidades gênero, acolhê-las e reconhecê-las. Até, por isso, só é possível pensar as masculinidades como desdobramento das lutas identitárias do feminismo.
A ruptura
As masculinidades rompem com a referência masculina hétero-normativa “cisgênero” – concebida e configurada historicamente numa cultura machista e patriarcal – e passa a existir na diversidade, pluralizando as características do ser masculino. Nesse sentido, o homem pode, sim, ser da forma que quiser ser. Ser homem hétero, ser homem gay, ser homem transgênero, ser homem assexual, ser homem crossdresser, enfim, cabe todas as formas de ser homem.
Sua existência passa a ter um sentido fluído, coerente e global que nas relações se descobre e se formata. Assim sendo, o homem pode chorar, usar saia, gostar de dançar, cuidar da sua beleza, tocar, abraçar, dar afeto aos outros homens, entre outras atitudes e características sem que seja considerado uma deformação.
A identidade masculina se apropria da liberdade de ser, abandonando o peso do modelo antes imposto que era ser homem e todo o cuidado para não ser um desvio. Conquista para si o direito de existir na diversidade.
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