COLUNA | 2020 sem baladas Vs. O deboche das Divas

2020 mesmo sem pista foi definitivamente o ano de lançamentos dançantes das Divas pop, seguidos de inúmeros remixes mais dançantes ainda. Parece uma ironia, não é? Mas o que esperar mais de um ano chamado 2020 ?

Alguns jornalistas falam que a cada nova década, o som (desta nova década) bebe na sonoridade de 2 décadas atrás. Ex: Lembro que em 2006-2008 (anos que eu morava em Londres) todas as Divas Inglesas da época começaram a olhar pra não 2 mas 4 décadas e reciclaram a sonoridade dos anos 60 (Aquela coisa dramática de Big Band e arranjos de cordas para mocinhas virgens). Veio Amy Winehouse com seu “Back to Black” em 2006, Adele debutando com “19” em 2007/2018. Duffy e o maravilhoso “Rockferry” e até a Sharleen Spiteri (vocalista da banda Rock-pop Texas) se jogou com força no seu álbum “Melody”, e digamos que esse ciclo foi fechado em 2009 com “Paloma Faith”, com o álbum “Do You Want The Truth Or Something Beautiful?

Mas voltemos ao nosso fatídico 2020. Mal Começamos o ano e já veio Dua Lipa toda trabalhada no “oitentismo” com o seu “Future Nostalgia” recheado de hits. A própria Dua confessou as influências, as referências (como Madonna), pra ela conceber seu álbum aclamado por crítica e público.

Logo em Seguida Depois veio Lady Gaga com seu “Chromatica“, aqui pulando uma década e bebendo mais na sonoridade anos 90 resgatando referências clássicas do início da House Music lá em Chicago.

Menos famosa que as duas Divas antes mencionadas, Jessie Ware (outra inglesa) que sempre esteve mais pra indie-pop, entregou um disco adulto, sexy, moderno, dançante e com referências claras, porém com muito mais personalidade e inovação sonora. Seu quinto disco de Studio

What’s Your Pleasure?” é um deleite para os ouvidos mais atentos.

Já saindo do Pop e partindo pro Indie, Roisin Murphy (a eterna vocalista do Moloko), veio com tudo no seu “Roisin Machine” (Referências até no título, já que nos 70 haviam muitos grupos que se intitulava “machines”). Na verdade depois de lançar pencas de singles (“Simulation” em 2013, “Jealousy” em 2015, “Narcisus” em 2017 e “Incapable” em 2019) e todos mantendo o nível, a qualidade e uma sonoridade ímpar e até que interligada, a gata que não foi boba juntou todos, e adicionou umas quantas novas e serviu tudo como um prato novo e refinado destinado aos ouvidos seletos.

Nos 45 do segundo tempo de 2020, veio Kylie Minogue com seu “Disco” que mais parece um greatest hits, e fará a gata australiana trabalhar 2021 ad infinutum com tantos possíveis futuros singles recheados de remixes como já foram com “Say Something” e “Magic”. Kylie que sempre bebeu nesse suco-detox dos anos 70/80 acertou e agradou até as “pocs new generations” mais exigentes que insistem em torcer o nariz pras divas com mais de 40 anos de idade.

E o single no ano (pra mim) das divas pop-dance veio justo de um álbum pop-rock: o recém lançado Plastic Hearts da Miley Cyrus. “Midnight Sky” é oitenta na veia e sem soro, com pitadas de Stranger Things reciclado para os 2020. A gata também lançou um videoclipe meio home-made-pandemia lindo e retrô, e apresentações ao vivo para promover o single sempre brindando hits dos 80/90 como “Heart of Glass” do Blondie e “Zombie” do The Cranberries) se joga no YouTube que vale a pena ver e ouvir).

Será que em 2021 essa nova geração (de artistas e ouvintes) que abriram seus ouvidinhos em 2020 irão descobrir e surgirá uma nova idolatria pro Depeche Mode, Pet Shop Boys e Erasure? Oremos! Não custa mentalizar!

Ressaltando que a Disco Music é a mãe de todos os estilos eletrônicos existentes hoje em dia… Seja House, Tribal, Pop, EDM ou Techno… A identidade e o DNA de todas elas levam a disco no sangue.

É o que eu sempre digo para todos os DJs (novatos ou não)… é preciso entender o passado para poder se situar no presente e saber onde seu som estará no futuro. Nada começou ontem ou em 2019.

Quanto mais informação e cultura musical você tiver, mais fácil será para você se abrir às novidades, e diferenciar o joio sonoro do trigo musical.

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