Oi gente, não posso dizer que sou uma DJ tão antiga na cena (apenas 12 anos), mas posso dizer que vivi, observei e me joguei muito durante esses 25 anos.
Hoje eu vou contar algumas curiosidades sobre a nossa cena de 20 e poucos anos atrás até agora…
O nosso “tribal” mudou demais com o passar dos anos. O som que conheci e o que dava minhas aulas de spinning com ele, era linear. Peraí, deixa eu explicar pra você que não é DJ entender. Sabe quando você tem um amigo que não gosta de música eletrônica e ele fala “ai, tenho a impressão de que estou ouvindo a mesma música a noite inteira”? É isso! Batidas muito parecidas e vocais não comerciais (muito pouco do que você escuta na rádio, por exemplo). As músicas tinham 9, 10, 11 minutos e aqueles “breaks” imensos (hoje em dia se colocamos mais de 30 segundos de break o povo já vaia…rs). A cena era totalmente dominada por DJs homens. Não existia nenhuma mulher de destaque e os clubes não aceitavam mesmo. Estranho presenciar preconceito de gênero, justamente em uma cena em que pregamos a aceitação, mas infelizmente foi assim por muitos e muitos anos.
Não existiam grandes boates no Rio de Janeiro. Eram todos clubes pequenos e meio “underground”. Tudo era escondido e com aquele tom de proibido. Aí apareceram grandes selos de festas itinerantes. A primeira de destaque foi a Val-Demente, dos sócios Valeria Braga e Fábio Monteiro. Grandes noites na fundição progresso ao som do DJ Felipe Venancio e convidados! Entre os frequentadores, Miguel Falabella, Diogo Vilella, Christiane Torloni, Marisa Orth e tantos outros, mas nada comparado ao glamour de Vera Fischer, que estava em todas! O tom totalmente gay, ficava por conta das barbies saradas e das gays fantasiadas em clima meio carnavalesco. Com a Val-Demente o Rio respondia (finalmente e à altura) à “posuda” cena club paulistana. Vieram festas nos mesmos formatos, como a Mona, a B.I.T.C.H, a Balaco, a Calvin, entretanto nunca com o mesmo glamour.
Em 1996, a parceria dos 2 chega ao fim e o Fábio Monteiro surge com a X-Demente, todo dia 30 de dezembro na Marina da Glória. Já era a festa tradicional de fim de ano na cidade, o problema é que acabava as 6h em ponto. Aí sempre vinha aquela pergunta “Onde é o after?”… rsr… E as pool parties que tanto amamos hoje?
Fábio Monteiro fazia algumas no clube Radar, em Copacabana, que depois passaram a ser comandadas pela Rosane Amaral (atual produtora de Revolution e Original Brazilian Pool Party). Paralelo a isso veio a B.I.T.C.H. Nossa, como curti essa festa!! Na antiga Terra Encantada, na Barra da Tijuca, a gente tinha festa e podia usar os brinquedos a noite toda!! Se aquela montanha russa falasse… kkkkkkkkk…
Bom, gente, o resto fica pra depois! Teremos muita história aqui ainda. Aguardem as cenas dos próximos capítulos.