COLUNA | O tomate da gratidão

Foto do álbum particular, tirada em um dia de muita gratidão em Salvador.

Como de costume, saí do trabalho e passei num mercadinho para comprar algumas coisas para minha casa. Fui na prateleira dos grãos, pesquisei o preço da lentilha e deixei para pegar os legumes por último.

Escolhi uma batata doce que estavam bem bonitas e ao pegar num dos tomates, acabei colocando de volta no expositor pois estava mais mole do que o normal e então, escolhi outro. Foi neste momento que me lembrei da minha mãe me contando, quando eu era criança, que em alguns países isso de pegar um vegetal e devolver é inadmissível, praticamente um crime. Higienicamente falando, concordo com ela, principalmente em época de covid. Eu não me lembro de qual país ela falava, mas não é sobre como devemos manusear e escolher os alimentos que estou escrevendo aqui.

Na verdade isso me trouxe a lembrança de que já estive em outros países. Mais do que isso, me trouxe a calma que eu estava buscando durante dias! Aquele “tomate de outro país” me lembrou das viagens que já fiz, e mais precisamente me mostrou as vezes em que eu saí de casa e pude conhecer um lugar novo, mesmo que esse lugar fosse em minha própria cidade. Me trouxe à memória minha primeira apresentação, minha primeira viagem para fora da minha cidade com algumas horas de ônibus, onde dormir era desafiador de tanta ansiedade que estava sentindo para chegar lá… Me lembrei de outra festa que toquei para seis pessoas na pista e que ainda fugiam das goteiras que tinham no espaço devido à chuva. Lembrei da festa em que toquei em cima de quatro engradados de cerveja, que a produção da festa usou como palco (inclusive foi nessa mesma festa uma grande experiência, mas que numa outra edição eu conto). E tiveram também aquelas viagens de ônibus com dez, doze, chegando até 18 horas de duração. Entre muito perrengues da profissão, ficou muito aprendizado. E gratidão.

Eu não sei se algum contratante que eu tenha vivido uma experiência não muito agradável e não muito ética e profissional está lendo esse texto, mas eu gostaria de agradecer pela oportunidade que tive, que foi muito além a de ter uma foto no flyer. Apesar dos desgastes inevitáveis, eu vi a importância de ser o mesmo, aquele menino de Minas Gerais, seja no perrengue, ou no lixo.

Apesar de todos os desafios e desapontamentos, eu hoje sou grato pelo aprendizado e maturidade que essas experiências me trouxeram e por terem mostrado a importância de agradecer, de não pular etapas e de permitir que o tempo cumpra seu papel e traga aquilo que me for permitido viver.

E compartilhar com você por aqui.

Eu espero, de coração, que suas histórias sejam as mais lindas! Mas caso uma ou outra não seja, busque ver além da dor. Vá além de você mesmo!

Descubra sua liberdade em agradecer os desafios que a vida traz.

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