Eu sou apaixonado por cinema e dessa vez decidi trazer essa paixão pra cá, onde posso unir essas duas formas de arte, música e cinema, falando sobre filmes que de alguma forma se tornaram parte da cultura clubber, seja pelo enredo, pela estética ou trilha sonora.
Para começar vamos voltar lá para a minha querida década de 90, década linda onde a cultura clubber teve sua ascensão. Em 1996 o diretor britânico Danny Boyle adaptou para as telonas o Livro “Trainspotting” escrito por Irvine Welsh. Eu tive que assistir esse filme mais de uma vez até conseguir ser enredado pela história, ele começa de maneira frenética e se mantém assim pelos primeiros 20, 30 minutos. A ideia do diretor é mostrar quão caótica é a vida daqueles personagens. “Trainspotting” conta a história de um grupo de amigos em Edimburgo lidando com desemprego, relacionamentos e o abuso de drogas. O filme se tornou um ícone da cultura pop, os personagens são muito carismáticos, o protagonista Mark Renton (interpretado por Ewan McGregor) é um jovem esperto que percebe que sua roda de amigos é um tanto problemática e decide sair fora daquele ambiente. Eu considero “Trainspotting” um filme um pouco difícil de ser digerido, além de ter uma narrativa frenética, o filme apresenta cenas “pesadas” como a icônica cena da privada. A trilha sonora traz nomes como New Order, Iggy Pop e Underworld que teve o seu hit “Born Slippy (NUXX)” imortalizado por conta do filme.
Agora vamos de 96 para 98, o cenário agora é a incrível Berlim. O filme é “Corra Lola, corra”, produção alemã que conta com uma história muito simples contada de uma maneira meio “maluca”. Lola é uma garota que se vê em uma situação complicada, seu namorado trabalha como mensageiro para um gângster, quando as coisas se complicam para ele, ela tem 20 minutos para atravessar a cidade levando uma quantia que irá salvar a pele do rapaz. Eu assisti esse filme duas vezes, é uma experiência leve e engraçada e o que mais me chamou atenção foi a trilha sonora que conta com a atriz principal interpretando as canções e o visual do casal protagonista que passa toda aquela estética da cultura dos clubs de Berlim na época.
No fim da década, mais precisamente em 1999, o diretor galês Justin Kerrigan escreveu e dirigiu o filme cult “Human Traffic”, a produção explora temas como a maioridade, uso de drogas e a cultura dos clubs. “Human Traffic” traz toda aquela atmosfera de filme adolescente dos anos 90, porém o filme vai além de só um filme sobre jovens. A trilha sonora conta com grandes nomes da música eletrônica como C.J. Bolland, Orbital e William Orbit e Fatboy Slim.
Em 2002 a história de Manchester com a música foi para as telas! Dessa vez o filme é “24 Hour Party People”, longa que mostra uma série de acontecimentos em torno do empresário musical Tony Wilson. Esse foi o último filme que assisti antes de escrever esse texto e posso dizer que ele salvou uma noite bem chata que eu estava tendo kkkkk, a maneira que a história é contada é genial, aqui ocorre “Quebra da quarta parede” que é quando os personagens olham pra câmera e conversam conosco, o que deixa o filme engraçadíssimo. No decorrer da história vemos quando Wilson, um jornalista de Manchester, organizava algumas festas em um club da cidade, abrindo espaço para bandas independentes, com o tempo ele abre uma gravadora a Factory e passa empresariar bandas como Joy Division, New Order e Happy Mondays além de se tornar um dos proprietários de um club que viria a se tornar um dos mais icônicos clubs da história da música eletrônica, o Hacienda. A narrativa é cheia de cenas engraçadas contadas de maneiras inusitadas (como a conversa do protagonista com Deus), eu ri alto em alguns momentos.
O ano agora é 2008, o DJ alemão Paul Kalkbrenner nos entrega o filme “Berlim Calling”, Paul interpreta o DJ Ickarus, um artista que no auge de sua carreira precisa dar uma pausa por conta da sua relação abusiva com drogas. A narrativa acompanha Ickarus em uma clínica se reabilitando e trabalhando em um novo álbum. Fiquei sabendo de “Berlim Calling” através de um amigo DJ, de primeira não rolou match, desisti nos primeiros 15 minutos, resolvi dar uma segunda chance e dessa vez fui enredado logo de cara! Apesar do tema abuso de drogas estar presente no longa, eu considero o filme até “tranquilo”, há um certo tom de comédia no ar, mas o filme é mais do que isso.
Para fechar essa lista, vamos falar do meu favorito, “Clímax” de Gaspar Noé, produção francesa de 2018. A história se passa em 1996 e mostra um grupo de jovens dançarinos realizando um último ensaio que também é uma comemoração antes de participarem de um campeonato mundial. O elenco é composto por dançarinos, o que proporciona ao filme cenas muito bem coreografadas. Em meio a esse clima festivo, alguém batiza a sangria que estavam bebendo com um potente LSD e o filme se torna uma experiência que para muitos pode ser bem desagradável! Quando assisti pela primeira vez, indiquei o filme para algumas pessoas e ouvi relatos do tipo “Me senti mal assistindo”, “Que filme pesado”, enfim, não recomendo Clímax para pessoas mais sensíveis.
Espero que esse meu texto sirva como uma lista de indicações para a galera clubber que está em casa, isolada enquanto as coisas não melhoram. A maioria dos filmes que listei está disponível nos famosos serviços de streaming.