Hey coloridos, o tema Pandemia é um tema recorrente aqui e também no nosso dia a dia, mas hoje eu quero dar um foco em segundo ou terceiro plano a ela, exatamente porque tenho visto uma luz no fim do túnel, com a vacinação mais pessoas tem sido atingidas e imunizadas, e isso torna as coisas mais felizes e esperançosas. Por isso, trago um assunto que fala sobre esperança ou de como os Djs se agarraram as suas esperanças para se incentivarem e tornar o seu movimento profissional constante. Não é de hoje que todos sabemos que a vida do DJ e de profissionais ligados a eventos e entretenimento, segue prejudicada, são mais de 400 dias, sem pistas, sem eventos e sem festas (já começamos a ver alguns estabelecimentos respeitando as normas e fazendo alguns eventos, mas nada que seja totalmente expressivo e que também faça a gente entender que a rotina dos profissionais voltou a normalidade). Diante disso, fui investigar como estava a situação de alguns amigos e colegas, e para a minha surpresa os efeitos pandêmicos trouxeram reflexões, mudança de hábitos, mudanças de rotinas e que de uma certa maneira vieram em um tom mais positivo e esperançoso. Também sei de muitas baixas, muitos profissionais que acabaram por decidir-se em deixar a carreira de DJ em outro plano, por não conseguir sustentar e manter a vida de DJ.
Mas o que essas mudanças e reflexões trouxeram e fizeram com os profissionais?
Antes de responder a pergunta devidamente, precisamos ressaltar alguns pontos importantes do que significa ser DJ, ou de premissas importantes sobre a profissão.
O profissional DJ não se resume a apertar PLAY em um equipamento bem como também, não é a pessoa que pede para “Todo mundo levantar as mãos” em uma pista, a profissionalidade está atribuída à algumas tarefas e rotinas como:
– ESTUDAR. O estudo de equipamentos, interfaces e softwares é uma questão de primeira necessidade do profissional, acompanhar a tendência mercadológica e de tudo o que está acontecendo, propõe que o mesmo esteja em destaque.
– PESQUISAR. O DJ precisa estar em constante pesquisa sobre novas sonoridades e o que é atual e moderno.
– TREINAR. Eu costumo brincar que ser DJ é como andar de bicicleta, para se manter atual e com prática, é necessário se exercitar para encontrar e entregar a melhor sonoridade.
– TÉCNICA. Se você não aprende a técnica em mixagem, dificilmente você conseguirá trazer uma boa sonoridade. Aprender e se aprofundar nas técnicas da mixagem torna o DJ mais profissional e bem qualificado.
– OUVIR. Todo bom profissional deve ouvir sons variados, sonoridades diferentes, artistas de todos os gêneros, tudo isso para trazer bons ouvidos que ouvem e escutam as tendencias do mercado.
Pode-se dizer que baseado nesses 05 pilares constitui-se um bom profissional, um DJ. Mas é claro que estou colocando de forma mais genérica e menos detalhista, estou colocando de uma maneira, para que se faça a entender, que o DJ dedica muito do seu tempo além daquele momento que ele está apresentando o seu set. O tempo dedicado é de acordo como cada profissional se dedica a essa base.
Mas como ser DJ em meio a Pandemia? As Lives foram a soluções mais imediatas para a continuidade do trabalho do DJ e também para perpetuar uma nova maneira de ligar o profissional ao seu público. Diante disso, trago essa reflexão, “Como ser DJ na pandemia?” Como “fazer e acontecer” sem pistas de danças, festas, eventos e afins?
Recolhi a opinião de alguns profissionais de maneira que eles expressaram suas opiniões que junto chego a uma observação final:
“Pra mim como DJ/Producer a pandemia foi de grande aprendizado. Tudo o que eu aprendi nesses 14 meses de pandemia, em relação a produção musical, eu não teria aprendido nesse curto espaço se não houvesse pandemia. Antes da pandemia, eu sentia que já tinha “batido no teto” em relação a tudo o que eu sabia sobre produção musical, eu sentia que precisava estudar mais. A pandemia veio a calhar e me trouxe um tempo para estudar, que antes eu não tinha. Sabe aquele coisa de ver tudo pelo lado positivo? Particularmente, para mim foi bem benéfica nesse aspecto. Não toquei em nenhuma festa, porém continuei sendo DJ na frente do meu computador!” – DJ Davis Reimberg
“Acredito que é um bom tempo para estudar MUITO, aprender novas técnicas, produzir conteúdo, focar muito em pesquisa (principalmente para sair da zona de conforto), pensar em estratégias novas de marketing, tentar trabalhar bem a identidade visual e sempre se reinventar para trazer ideias novas, sonoridades novas…” – DJ Mateus Medeiros
“Um processo de autoconhecimento, reconhecimento de valor pra não se deixar levar pela autosabotagem de olhar o recorte da vida do outro e achar que ela é sempre melhor que a sua. Aprimorar conhecimento em outras áreas da nossa carreira que mereciam atenção e que às vezes ficava pra depois como: Produção Musical, Estudo de Idiomas, Marketing, Branding e Criação de Conteúdo (que tá sendo o meu caso)! Ser DJ na pandemia também é ter que lidar com sonhos interrompidos e ter paciência pra entender que nada como um dia após o outro, pra ter que dar conta dessa montanha russa emocional, também voltei pra minha cidade natal e tá sendo ótimo estar conectada com a minha família e ter o conforto de quem ama a gente de verdade! Se arriscar em novas experiências e desafios tem sido grandioso pra mim!” – DJ Van Müller
“Tem sido de reconstrução, estudos, cuidados pessoais, pensar possitivo e usar de empatia com tudo que tem acontecido.” – DJ Jeff Ferreira
“Essa pandemia serviu para tirar um tempo para a música novamente, no qual eu havia perdido, por conta da correria do dia a dia, trabalho, faculdade, casa e etc. Consegui fazer novas pesquisas, me atualizar, e traçar novas rotas para carreira de DJ. Acho que foi um tempo hábil para reflexão e repaginação de muitas coisas. Consegui até reprogramar um novo set, e creio que muitos de nossos amigos, fizeram o mesmo.” – DJ Gustavo Fonsati
“Resumindo, ser dj numa pandemia, é somente virtual (rs). Quem produz é a melhor fase para construir coisas boas de qualidade. O mercado está precisando. Estude produção nessa pandemia e isso vai ajudar muito a não pensar nesse terror que estamos vivendo. A vida é muito mais importante que uma festa. Portanto seja virtual. Vc chegará até as pessoas de uma outra forma. E quando tudo isso passar, vc será lembrado.” – DJ Morais
“No meu caso, estudando sobre tecnologia, aperfeiçoando as técnicas de produção e experimentando outras sonoridades. Claro, participar das ‘Lives’ é uma forma de interagir com o publico. Estando ou não no line up. Isso me mantém informado e atualizado.” – DJ Paulo Pacheco
“Ser DJ na pandemia é inovar, aprender e não desistir dos seus sonhos, pois um dia eles virão e com louvor. Se reconecte com você mesmo, nunca pare de aprender coisas novas e sempre torça para que seus semelhantes cresçam junto com você. Viva a House Music” – DJ Bern
“Ser DJ na Pandemia é todo dia se reinventar! Pensar em novas formas de viabilizar seu trabalho e usar e abusar da internet para isso, nossa principal “dancefloor” nesses tempos pandêmicos.
Não se desmotivar e sempre pensar que logo menos estaremos de volta nas pistas!
Eu organizei festivais online nessa Pandemia, para fazer uns rolezinhos cibernéticos e mostrar meu trabalho. Foi no mínimo interessante ver tudo isso de outra perspectiva. Porque quando você tá na festa você sente o feeling do seu público né, mas aí on-line, você não vê quem tá na sua frente…. É difícil, mas ao mesmo tempo divertido.” – DJ Igor
“Eu participei de alguns eventos virtuais e não ter a pista é bem estranho no começo. Mas tem suas vantagens! Acabei tocando pra pessoas que provavelmente nunca veriam meu trabalho e o feedback é bem legal. Quando acompanhamos o chat das transmissões a gente vê exatamente o que cada um está falando, é uma perspectiva diferente.” – DJ Sobrinho
Perceba que essas são declarações vão de encontro exatamente sobre os 5 pilares que citei acima que são ESTUDAR, PESQUISAR, TREINAR, TÉCNICA E OUVIR. Minha opinião pessoal e sobre o que eu fiz, foi que como um jovem e iniciante DJ, pensei em uma maneira de manter minhas atividades ativas, ou seja, todo o processo de montagem de set, estudo, treino, pesquisa se tornaram em um compromisso mensal. Montei e divulguei praticamente 1 set por mês e fiz tudo isso para que a chama do DJ não diminuísse, mas também como uma forma de portfólio, de amostragem da minha personalidade, versatilidade e também da maneira como quero ser visto.
Mas você meu caro leitor, pode dizer que estou fantasiando e suavizando a difícil e esforçada carreira do DJ? Muito pelo contrário, estou abrindo sua mente e a de qualquer um que possa vir aqui e entender que para ser um bom DJ é necessário esforço, é vencer a luta diária e é tornar mais leve sua trajetória. Mas ainda assim, você pode dizer que essa não é a realidade que de fato, é uma verdade. Muitos profissionais acabaram abdicando de suas trajetórias, porque a realidade é dura e manter-se DJ tem um custo, tem necessidades, afazeres, compromissos e tudo isso está atrelado a necessidade de trabalhar. E eu humildemente, me solidarizo com cada uma dessas pessoas, em alguns casos, ajudei de alguma maneira, sendo um ombro, sendo sua voz, as vezes com uma pequena ajuda financeira ou simplesmente as ouvindo. E torço para que elas assim que possível retornem ao mercado e entendam que o ser DJ não é só tocar para ter um publico (sim é necessário), mas que entendam o que amor pela profissão esta além e a quem de qualquer pessoa e que está ligado aos atributos, a dedicação e desempenho do seu papel no mundo.
Então para encerrar… “Como ser DJ na Pandemia?” Seja o que luta pelos seus direitos, seja o que luta pelo seu espaço, o que entende que as adversidades servem para o nosso crescimento, que nunca é tarde para estudar, se atualizar, se organizar e porque não amar mais sua profissão e se dizer um DJ vencedor?
Meu desejo é que logo todos nos encontremos em uma pista, festa ou festival e que possamos curtir nossos sets e nossa música. Tá acabando e logo estaremos fazendo história. “A música sempre foi, é e vai ser a resposta, principalmente para nós DJs”.
Bjs e até a próxima!
TT.
