COLUNA | Não se volta atrás, apenas se renova

Com as aláfias que recebo, as confirmações de que tudo se encaixa em seu lugar no devido momento, eu progredi. 

Ocorrem falhas, perturbações, percalços, caos das mais diversas formas. Eu, sim, me entorto no decorrer do caminho. Mas esse “eu”, meu orí é algo que também é maléfico. Eu não sabia até me dizerem. Sabe quando se suspeita de algo que praticamente se sabe, mas como não se confirmou, então, ainda, não é uma verdade, um fato?

Eu caía. Tinha crises epiléticas. O Baba (pai de santo) que me acolheu quando soube que tive uma após os cuidados devidos espirituais se chateou. Ele tinha me aconselhado: “seu orí gosta de acordar com o Sol, bem cedo, 6 da manhã.” Eu desobedeci e tentei enviesar tal hábito que era necessário para minha saúde. Até o momento em que meu orí me fez cair. E não é por isso que ele é maléfico. 

O “mal”, segundo o pai de meu pai de santo, é até mais forte e presente no cotidiano que o próprio “bem”. Existe esforço necessário para se alcançar idoneidade, honestidade, paciência, cadência, respeito, nobreza.

E por mal e bem se entende o que meu Babaloriṣá disse: pontos de referências coletivos. A avareza que eu trouxe do Rio de Janeiro, que fez parte de minha criação tijucana, é uma maleficência de meu orí. Algo a se curar.

A parte boa de meu orí consiste nesse reconhecimento do valor alheio, de dar atenção a quem não recebe, de me valorizar para poder valorizar o próximo. Ele gosta de carregar pesos, numa concepção/ideia de que se eu carregar mais, o próximo carregará menos. Quando isso também é ilusório.

As referências de bem e mal quando são individuais se tornam egocentristas. “Não é bom para mim, então é mal”; “me traz riqueza, então é bom.” Referências de “bem” e “mal” são egoístas. Mas quando esse ego, esse orí, está condicionado/direcionado ao coletivo, o intuito egoísta se torna individualista.

Com esse entendimento, o individualismo coletivo é o ponto de renovação do ser humano egocentrista. Porque realmente, mesmo se fosse possível voltar ao passado, o que está traçado (odú) não se muda, apenas se renova.

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