Travesty, antes de Tudo é Liberdade
Travesty TEM que ter sagacidade
Travesty necessita de espiritualidade
Travesty é um pólo de saudades
De família, amizades, amores, oportunidades
Travesty é dor
Contudo não pode ser rancor
Travesty é ancestralidade
Travesty NÃO É akademicidade
Travesty é experimentação
Travesty também é restituição
Travesty é revolução (devir)
Travesty é destruição (dos padrões em si)
Travesty é pureza
Travesty também é incerteza
Travesty não é homem
Travesty não é mulher
Travesty não é terceiro sexo
Travesty não é terceiro gênero
Travesty é multifuncional
Travesty é multicolor
Travesty é banal
Travesty é ardor
Travesty é sensualidade
Travesty é agressividade
Travesty é o reflexo do que se criaram os tabus
Travesty é um dos mais maravilhosos odús
Porque não se vira travesty
Se descobre o caminho de ser travesty
Travesty é penosidade
Travesty é desigualdade
Travesty, pelo visto, pode ser todos os problemas do Brasil
Porque travesty, além de identidade, é a capacidade de mais de mil
Travestys
Não existe a Travestys ou uma Travestys
Existem milhares de travestys
Lindas, feias, potentes, blasés, corajosas, medrosas, talentosas, comuns, inteligentes, desinformadas, miraculosas, ordinárias, bruxas, herdeiras, escravizadas, privilegiadas, pretas, originárias, furtadas, missionárias, kandomblecistas, cabulosas, operárias, donas, sanguinárias, pacíficas, esclarecedoras, escurecedoras, politizadas, desinteressadas, salafrárias, queridas, odiadas, bem e mal faladas.
É desakadèmika, mas se quiser pode ser da akademia.
Travesty são escritoras, advogadas, juízas, atrizes, policiais, cozinheiras, empreendedoras, criadoras, artistas, políticas, programadoras, diretoras, professoras, são garias e gurias. Travesty são rappers, são cantoras, apresentadoras, dançarinas, produtoras, manufeitoras, costureiras, estudantes, amantes e faceiras.
Travesty pode até ser falsa (com motivos).
Travesty normalmente tem falta de amigos.
Travesty tem potência, presença, close.
Travesty pode até usar Ruby Rose.
Mas o que travesty não é, nem tem oportunidade de ser é:
Obediente
Fidelizada (o que é diferente de fiel)
Desafetuosa
Desamorosa
(Ainda não, mas será) Poderosa
Forçada
Humanizada
Lacrada
Prisioneira (de si)
Sim, Travesty é o que se encontra na divisória do tudo e do nada.
Uma existência que a qualquer momento pode ser descartada ou destacada.
Travesty é identidade sul americana
Travesty é baiana, kari’oka, paraense, mineira, sul ou apenas matogrossense, sulista, sudestina, nortista, tocantinense, paraibana, maceioense, kari’oka e fluminense, travesty pode até ser paulista ou paulistana, travesty também é amazonense, capixaba, candanga ou brasiliense.
Tem até travesty que muda a naturalidade: mora três anos noutra cidade e vira sergipana, por exemplo. Travesty é ousadia, é alegria.
Travesty é o ponto que divide a paz da guerra.
Travesty é mantra porque travesty protege o que lhe importa.
Travesty é manta porque, às vezes, só ela se estanca do frio que lhe afronta.
Travesty é borboleta, porque pode demorar a sair do casulo e quando sai seu tempo de vida se torna mais curto.
Travesty é sereia, porque até em asfalto, ela nada desfilando até em chão duro e fervente.
Travesty é ouro porque seu brilho de sua própria existência cega até mais que o próprio Sol.
Travesty é tudo, mas também é nada.
Travesty faz tudo, mas também destrói tudo.
Travesty é como uma deidade viva e atual.
Antes de tudo, travesty é também um ser carnal.