COLUNA | A TRANSFORMAÇÃO DA VIDA NOTURNA DE NOVA YORK: A cidade que nunca dorme através da visão da DJ Ana Paula, um símbolo de diversidade e liberdade

O que torna a cidade de Nova York tão cativante para o mundo? A cidade que nunca dorme inspirou inúmeros artistas, fashionistas e filmes ao longo das décadas. Como diz a canção: “If I can make it there I’ll make it Anywhere”.

Vamos falar sobre a icônica era do Studio 54. Fundado em 1977 por Steve Rubell e Ian Schrager, o clube ganhou popularidade por sua lista de convidados de celebridades, festas extravagantes, liberdade e Disco Music. Apesar de sua política de admissão seletiva, o Studio 54 reuniu pessoas de todas as origens, orientações sexuais e identidades de gênero sem preconceito. Era um lugar onde todos podiam se reunir e se divertir. Porém, a era da liberação sexual e da discoteca na cidade de Nova York foi abruptamente interrompida na década de 80 pela epidemia de HIV. A vida noturna da cidade, principalmente na comunidade gay, foi alterada para sempre.

Na década de 80, a cena dos clubes em Nova York passou por mudanças significativas devido ao sexo inseguro, que resultou em muitas mortes. Apesar dos desafios, a vida noturna continuou pulsante. Surgiram grandes clubes na cidade, como Limelight e The Palladium, que se tornaram pontos de destaque. Mesmo com os riscos, as pessoas continuavam frequentando esses locais e a atmosfera festiva seguia forte.

Em 1984, o East Village foi palco do primeiro Wigstock, um festival de drags criado pela icônica Lady Bunny. Celebrado no Dia do Trabalho, o Wigstock logo se tornou um espaço seguro para a liberdade de expressão, independente da identidade das pessoas. Para a comunidade LGBTQIAPN+, o festival se tornou um evento aguardado, marcando o encerramento simbólico do verão e celebrando a diversidade e inclusão. Ao longo dos anos, o Wigstock se manteve como um importante símbolo de aceitação, inspirando indivíduos a se aceitarem como são.

WIGSTOCK

Na agitada década de 1990, o Roxy, o Tunnel, o Limelight e o Palladium eram famosos por receber festas de grande porte que atraíam uma variedade de pessoas. Essas festas eram um verdadeiro calderão, com drag queens, Club Kids, lésbicas, transgêneros, Chelsea Boys, heterossexuais aventureiros e curiosos, criando assim um ambiente diversificado e inovador que celebrava a individualidade e a liberdade de expressão. Localizado em uma antiga igreja, o Limelight misturava o sagrado com o profano. Reconhecido por sua atmosfera única e público variado, o clube Limelight em Nova York ficou famoso por sua atmosfera ousada e vanguardista. O Roxy era uma boate animada e extravagante, que abrigava uma das maiores noites de dança gay semanais da cidade de Nova York, o Roxy Saturdays, promovido pela John Blair Promotions, que contava com diversos DJs renomados, incluindo o lendário DJ, Remixer e Produtor Peter Rauhofer.

O DJ austríaco Peter Rauhofer ficou conhecido e admirado dentro da comunidade LGBTQIAPN+. Ele construiu sua reputação na cena musical de Nova York com seu estilo marcante e batidas inspiradoras. A influência de Rauhofer ultrapassou os limites de Nova York, alcançando renome internacional. Peter se mudou para Nova York em 1995, trazendo consigo dois LPs do Club 69 (“Adults Only” e “Style”) e uma série de hits como “Diva”, “Unique”, “Drama”, “Alright”, “Muscles” e “Twisted”. Sua incursão como cantor começou em 1994, com a Tribal America, e posteriormente migrou para a Twisted. Sob o pseudônimo de Size Queen, ele lançou outro álbum e fez remixes para artistas como Funky Green Dogs e Danny Tenaglia, principalmente sob o nome Club 69. À medida que passou a receber convites para remixar faixas de grandes gravadoras, Peter optou por usar seu próprio nome. Ele começou produzindo remixes para Eurythmics e Depeche Mode e mais tarde colaborou com grandes nomes como Madonna (“Nothing Really Matters”, “Impressive Instant”, “Skin”) e os Pet Shop Boys, com quem remasterizou o clássico de 1989 de Raze, “Break 4 Love”. Em 2000, ganhou um prestigioso Grammy na categoria de Melhor Remixer do Ano, seguindo os passos de lendas como David Morales e Frankie Knuckles.

PETER RAUHOFER

Em 1999, Peter iniciou seu próprio selo e assim surgiu a Star 69. “Trabalhar ao lado de Peter ao longo dos anos, colaborar com diversos compositores e produtores talentosos e se apresentar ao vivo em diversos clubes de dança famosos e festas de circuito em Nova York e ao redor do mundo me traz lembranças incríveis. A energia presente nas apresentações em clubes de Nova York, como Spirit, Crobar, Stereo, Sound Factory e, é claro, o Roxy naquela época, era simplesmente única.” Segundo Suzanne Palmer, cantora e artista talentosa da Star 69. Suzanne gravou diversos singles, como “Hide U”, “Show Me”, “Luv 2 Luv” e “Fascinated”, além de lançar um álbum completo com seu nome, chamado Home.

SUZANNE

O Mês do Orgulho chegou e as celebrações estão acontecendo em todo o mundo. As pessoas estão circulando e as ruas estão cheias de cores vibrantes. A cidade de Nova York sedia um dos maiores eventos do Orgulho LGBTQIAPN+ do mundo, com apresentações de artistas renomados como Madonna, Kylie Minogue, Katy Perry e Grace Jones, entre outros.

 

Neste ano, um dos maiores eventos de Nova York homenageará o lendário Peter Rauhofer. A Masterbeat orgulhosamente traz a magia da marca WORK! de Peter para o Terminal 5 em Nova York na noite de 28 de junho. O evento contará com apresentações de Suzanne Palmer e Celeda, com música dos DJs Abel Aguilera, Ana Paula e Eddie Martinez, que levarão o legado musical de Peter para a pista de dança. O evento também contará com o  anfitrião oficial de WORK e amigo próximo de Peter, Alan T, que receberá as pessoas na porta. Para saber maiores detalhes sobre essa festa, visite: http://nycpridexxl.com

Nova York é onde os sonhos se tornam realidade, um lugar onde as pessoas podem ser elas mesmas e viver com liberdade. Para entender isso, temos que viajar no tempo até os protestos de Stonewall, também conhecidos como Revolta de Stonewall, Rebelião de Stonewall ou simplesmente Stonewall. Esses eventos foram uma série de manifestações espontâneas e violentas contra uma operação policial que ocorreu nas primeiras horas da manhã de 28 de junho de 1969, no Stonewall Inn, no bairro de Greenwich Village, na cidade de Nova York. Embora não tenha sido o primeiro caso na história americana em que pessoas da comunidade lutaram contra um sistema patrocinado pelo governo que perseguia as minorias sexuais, tornaram-se o evento definidor que marcou o início do movimento pelos direitos dos homossexuais nos Estados Unidos e em todo o mundo. Atualmente, as Paradas do Orgulho LGBTQIAPN+ são realizadas anualmente em diversas partes do mundo no final de junho, celebrando e relembrando Stonewall.

ANA PAULA
COLUNISTA COLORS DJ

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