Sempre que ouço essa música, lembro de uma apresentação icônica deste DJ na comemoração dos seus 15 anos de carreira.
Ao total são 17 anos levando alegria, musicalidade e muita energia pra todos e são muitas histórias que esse ariano tem pra compartilhar com a gente.
“A música transcende a alma… Sem ela a vida seria um erro.” Alex Lisboa
“…a música já fazia parte do meu corpo. Eu era movido por ela. Assim minha paixão começou.” Alex Lisboa
Confira agora este bate-papo especial com o DJ Alex Lisboa:
São 17 anos de carreira, mas quando despertou essa vontade de trabalhar com a música?
Desde pequeno sempre escutava música. Sempre tive meus vinis: Perla, Gal Costa, anos 70. Eu cresci e participei de uma banda musical que fazia festinhas em casa.
A primeira que fiz foi com 2 CDs players – 1 da Sony e 1 da Coby – há muito tempo (de 97 para 98) e quando eu vi em uma festa de um amigo uma CDJ foi paixão à primeira vista! Comecei ir à boate e via os DJs tocando vinil. Ficava ao lado da cabine olhando e, em 2004, um conhecido fazia curso e também entrei. Foi onde aprimorei minha técnica porque, nessa altura, eu já tinha ritmo (já sabia muito), tinha meus CDs e a música já fazia parte do meu corpo. Eu era movido por ela. Assim minha paixão começou.
Quando você entrou pra cena eletrônica, quais foram suas referências musicais?
Minhas referências foram várias porque estava na época da house music e eletro music (muitas vertentes), então tinha Victor Calderone, Offer Nissim, Altar, Edson Pride, mas a minha maior paixão é o tribal, a macumbada.
Numa parada gay em Copacabana, vi o Sandrin Pelagio tocando aquele estilo de tribal que eu gosto. Aquele som gostoso com remelexo, então percebi que era isso que eu queria e adotei como referência pra vida.
Uma hora o corpo e a mente pedem uma pausa pra descanso. Quando você está em casa, o que costuma escutar fora do tribal?
Automaticamente já ouço MPB.
Toda vez q eu saio de um evento, no dia seguinte não tem nada pra fazer, daí ouço JB Paradiso ou escuto notícias pra dar uma equilibrada na cabeça. Fico uns 3 dias ouvindo músicas calmas, mas, por incrível que pareça, quando eu vou trabalhar, escuto sets de outros DJs.
Você vestiu a camisa do Tribal. O que ele representa na sua vida?
Ele representa energia, vida, movimentação, libertação.
Com o tribal você consegue se expressar na dança, sentindo-se mais alegre. Para mim, tribal é vida e não tem outra explicação.
Vamos falar um pouco sobre sua experiência como professor. Você vem formando grandes nomes e estes vêm se destacando na cena, certo? Como você decidiu compartilhar seus conhecimentos e o que te motivou?
Há 7 anos, estava trabalhando na Fênix e apresentei à Raquel Dias esse projeto de curso pra movimentar a produtora dela. Muitos DJs saíram dali e hoje são destaques na cena, e isso me motiva a seguir.
Agradeço muito a ela por acreditar nesse projeto; tínhamos um déficit de DJs não só do tribal, mas no pop e no funk. Já formei muitos que estão nessa cena e também nas raves. Fico muito feliz em vê-las crescendo e se destacando.
Você sofreu com as críticas destrutivas quando iniciou esse trabalho de formação?
Sofri muita crítica. Uma pessoa que faz um curso na zona oeste do Rio de Janeiro, dando tanto suporte às pessoas, sofre preconceito por ser negro e por não ter o biotipo “padrão”.
Sofri muita crítica, mas não desisti. Raquel Dias foi primordial nisso tudo e hoje sou muito grato por acreditar nessa loucura. Ela mesmo fez o curso comigo e fico feliz em compartilhar minhas experiências.
Qual é a sensação de ver um aluno seu se destacando nas pistas?
Gratificante! Fico feliz em ver meus alunos no mesmo line em que estou; vejo eles se destacando, vejo a evolução deles já conquistando seu espaço e já sabendo ter sua própria identidade musical. Fico emocionado ao falar sobre isso…
Muitas lutas, muitas críticas, muita gente falando e eu vejo que valeu a pena persistir.
A concorrência não te assusta, já que você vem formando profissionais basicamente com o mesmo foco que o seu?
Sigo dando continuidade ao curso porque acho que passar conhecimento nunca é demais e não é porque sou professor que terei medo da concorrência. Eu quero que tenha mesmo, porque isso motivará e vou me aprimorando mais e conquistando mais coisas. Concorrência é sempre bom e não tenho medo. Quero que meus alunos cresçam.
Qual a sua dica para essa nova geração na cena?
A dica que dou é aprimorar e ter sua identidade musical: pesquisar e estudar nunca é demais.
Estou dando reciclagens para algumas pessoas que vieram de outros cursos, dou dicas de filmes e de produtores. Se a pessoa quer isso para a vida, tem que estudar sempre; eu não paro.
As pessoas novas tem q ter o hábito de perguntar às pessoas antigas pois isso faz parte da evolução.
Eu sou conselheiro e fico feliz por muitos me considerarem como uma referência.
No dia que eu me aposentar estou vendo q estou criando um legado e isso toca o coração!!!
Como você se reinventou nessa pandemia pra continuar seu trabalho de levar música para as pessoas?
O que me salvou foram as lives; se não fosse isso, eu entraria numa depressão. Tive crises de ansiedade porque do nada: “agenda cancelada”. Consegui doações pelo QR code que serviram para pagar e assim fui vivendo.
Assim encerro esse bate papo leve e gostoso com o mestre das pick-ups e entendendo a importância de apoiar os sonhos das pessoas.
Vamos ressignificar essa visão! Isso vale pra tudo na vida: sempre haverá concorrência e cabe ao profissional se reinventar para se destacar na sua área.