COLUNA | Verdades sobre apropriação cultural no meio trans

Sabe cultura? Então é um verbete que é ligado à ideia de não apenas lugar físico (espaço), mas também tempo passado ou decorrido nesse lugar. Daí que surge a base da ancestralidade cultural e como ela se propõe e se propaga.

Bom, diversas áreas, diversas histórias. Até dentro do sentido e entendimento da travestilidade existe cultura, existe especificidade. E, precisamente, o ponto aonde quero chegar é nesse “roubo“, usurpação de traços e referências culturais que ocorre principalmente quando há, também, uma delimitação racial. 

Isis Broken, por exemplo, uma artista renomada, altamente premiada mundialmente e que não só é também nordestina, nascida e criada no Nordeste, mas também é mulher preta. Seus clipes são pura referência para o futuro. Os traços, a estética, maquiagem, arte de fundo, idealizações, tudo, realmente tudo nos clipes dessa artista são pensados minuciosamente de forma a referenciar e reverenciar a cultura e ancestralidade da mesma. Lembrando, estou falando de uma travesty. Portanto, há além da cultura regional temporal que a afeta, a travestilidade da mesma que é também inteligentemente mostrada e traçada em cada uma de suas obras.

O problema é: toda pessoa que chama atenção, que progride, que se exalta, que prospera traz sua potência a um nível de anseio público. Ou seja, uma nova referência travesty sergipana com sua arte pioneira no meio trans vai, sim, tender a ser copiada, plagiada. Seja na estética, seja na arte do vídeo, na idealização, não importa. E isso, infelizmente ou até felizmente ocorreu com a artista.

Pessoas trans que na realidade, não são nordestinas foram apontadas como tal de forma errada e manipulada. Pessoas que efetivamente usurparam a estética única e pioneira de, por exemplo, Isis Broken.

Isso, infelizmente, ocorre normalmente na arte. É corriqueiro esse plágio supracitado. O xis da questão é quando o plagiador altera, modifica seu discurso para conseguir dissidência a mais, com esperança de ocupar lugares pioneiros que não lhe pertencem. Aí que se aglomera esse babado.

Então, a verdade é que gente do sul/sudeste não precisa e nunca precisou se dizer nordestina/nortista para conseguir fama ou patrimônio. Seja dentro ou fora do meio trans. Não é bonito, viu travesti catarinense?

Texto de Kukua Dada

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JALES

JALES Diretamente de Guaranésia, MINAS GERAIS, erradicado em terras cariocas. JALES codnome de Álvaro Antônio, artista de 28 anos. Pesquisador musical desde os 15 anos de idade, se debruça em