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REVELAÇÃO | Um verdadeiro representante do fervo e da boa música, independente do estilo!

Aos leitores DJs e aos amantes da música que nos acompanham fica a pergunta: vocês estão conseguindo aguentar as novidades que a Colors DJ vem apresentando em suas edições? Cada entrevista é preparada com uma equipe de peso que elabora tudo com muito carinho especialmente pra vocês, para que cada matéria seja divertida, informativa e atraente, e é isso que a galera mais gosta, né?

E por falar em atraente teremos hoje um bate papo com uma personalidade que chama bastante atenção, não só pelo seu som que contagia mas também pela sua simpatia e beleza, nosso convidado de hoje, é além de DJ, modelo, influencer, apresentador, comunicador e uma das maiores estrelas brasileiras no site Mym Fans. Nosso convidado é nada mais, nada menos do que o carioquíssimo capricorniano com ascendente em escorpião, de 30 anos de idade, apresentador do programa Fora do Padrão na TV Pheeno, o DJ Felipe Ferreira

“Mas a minha música nostálgica é “Love On Top“ (Beyoncé), que marca o período que eu decidi sair da igreja e me assumir gay, e hoje posso imitar a Sasha, a Beyoncé, a Rihanna, e até a Pocah fazendo as prostitutas do GTA, que não vou me sentir culpado.” – Felipe Ferreira

Dono de uma personalidade de pista única, batidas marcantes e uma brasilidade de deixar qualquer gringo com a canela frita, que se tornaram sinônimo do seu estilo. No badalado Galeria Café, na zona Sul do Rio de Janeiro, a popzeira rola solta em suas apresentações com mixagens fora do clichê, misturando muita referência estrangeira de peso com o melhor do popzão de rua. Como dizem que “no Rio tudo se mistura”, seria a sentença perfeita para entender a personalidade musical desse artista que sabe entreter seus fãs com o gingado e a alegria que este sempre apresenta com maestria. Com algumas apresentações fora de seu estado, pôde representar seu estilo em vários labels brasileiros de renome, e anseia agora produzir alguns projetos novos na música que vão desde collabs com parceiros de trabalho em B2B com mistura de estilos, à produção e apresentação de sets temáticos solo, experienciando novos estilos em seus trabalhos.

Quer saber mais sobre o DJ Felipe Ferreira? Confira agora a entrevista:

Felipe, é uma honra ter você aqui na Colors DJ, e já posso te garantir que você me fez dançar muito ouvindo seu som para essa entrevista. Gostaria de começar pelo gatilho, sua história na música começou para lá de inusitada, líder de grupo musical de uma igreja evangélica, filho de pastores, começou já cedo no violão e bateria marcando passos para sua história musical. Como foram essas referências para você? E como foi seu início na música pop?

Meus primeiros passos na música foram na igreja, como vários artistas. Era muito incrível, pois tínhamos à nossa disposição instrumentos, espaço e equipamentos para fazer nosso som, compor, ensaiar e até desafinar kkk e essa minha proximidade com a bateria me fez estar mais inclinado para músicas com mais percussão, ritmo e swing. Sempre gostei de soul, black music como Kirk Franklin, MaryMary, Raiz Coral, Leonardo Gonçalves e pop como Diante do Trono, Nívea Soares, Aline Barros e Fernanda Brun, mas era limitado. Eu só podia ouvir gospel. Ampliei meu mundo musical quando saí da igreja aos 24 anos, sendo que com atraso.

Estrear em uma pista como DJ no dia do seu aniversário foi marcante para sua memória? Conte-nos um pouco como foi esse início de carreira. E como começou a trabalhar nesse contexto.

Eu era host em uma festa do Thiago Araújo na Barra e ele me apresentou o DJ Binho, produtor do Galeria Café que me convidou para ser host e personagem em uma das festas da casa (Nós Temos Banana). Eu era o “Bananeiro” kkkk – já usava cropped e shortinho (uma pegada carioca/piranha) quando trabalhava nas festas e incorporei para esta persona. Eu adorava! No Galeria vai muito gringo, e era Banana Man pra cá, chama o Banana Man pra lá, tira foto com o Banana Man, mas sentia falta de mexer, trabalhar com música, e por ter me tornado amigo de muitos DJs depois que comecei a ser promoter e host de festa, me lembro que pensei: “Tá aí vou ser DJ”. Então conversei com o Binho – que é meu padrinho DJ – e ele me deu umas dicas básicas. E o curioso foi que, naquele ano meu aniversário caiu no dia da semana que a Banana acontecia e achei o momento perfeito para me lançar. Foi aterrorizante, mas era o que eu queria. Nessa época eu já conhecia os donos e produtores dos eventos (como Jorge Nascimento), então só precisei pedir uma oportunidade pra tocar e toco até hoje pra eles.

Tocar em nossa terra tem um apelo emocional, pois sempre temos marcada a presença de amigos e apoiadores próximos que nos incentivam. Porém levar nosso trabalho para outras bolhas com estilos e culturas diferentes nos demandam coragem e ímpeto. Quais festas no Rio mais te marcaram tocar e em que outros estados se apresentou? Poderia nos citar alguns labels de destaque?

Galeria Café, minha casa onde tudo começou. Street Lapa, minha ferveção favorita, bloco Saymos do Egito que eu amo demais. Já toquei no Chá da Alice, Pink Flamingo, Black Cat, Festa Mara, Up Turn e Queens, todas no Rio. Na Avalon (GO), fui residente da Victoria Haus, toquei na GayDay PoolParty, e no Projeto Existo do Centro LGBTS (DF), Free Pop (MS), Festa Gema (MT), Fun House (MG), além do Live Set da Impulse Orgulho Latam, que foi transmitido para toda a rede deles na América Latina. Já tirei meu passaporte, pois convite para tocar no exterior não falta. Assim que a pandemia passar, ninguém me segura. E fico muito feliz de ter tocado nesses e outro lugares, pois eles me conheceram pelo Instagram, ou já ouviram meu som, ou os produtores cariocas curtem meu trabalho e me indicaram, sou muito grato a eles. Não tinha agência, grupo de DJs, nada disso, e não precisei puxar o saco de ninguém pra isso (porque puxar saco só do meu namorado kkk).

Foto Reprodução - Instagram

Aquela máxima nos avisa “Em dia de evento tudo pode acontecer”. Poderia nos contar alguma situação inusitada que já passou se apresentando ou alguma situação engraçada que te fez ter que ter jogo de cintura nesses momentos?

Uma vez fui tocar em uma festa que me contrataram pra tocar Pop Dance e Eletrônico. Preparei o set, mas quando cheguei lá, estava uma loucura e me pediram para tocar funk o set inteiro – e DJ bom, sabe improvisar – e fiz. A atração principal era a Inês Brasil, maravilhosa, divertida, louca, cristã (Graças a Deus) kkk e ela entrou no meio do meu set, ok. Então o produtor dela veio me perguntar se eu tinha alguma música da Inês, mas o meu pen-drive que tinha o repertório dela eu emprestei pra um amigo. Ou seja, eu não tinha nada da Brasil, e eu pensei: “Gente, mas o produtor dela não tem as músicas da própria artista?” kkkkkk Por fim, o celular de alguém que estava em umas dessas plataformas de música conectou no som e rolou o show, porque “Não tem terrô, não tem caô” kkkkk.

E sobre sua rotina? Se considera “ratão” de academia? Como faz para conciliar seus trabalhos de influencer e modelo com sua carreira de DJ? Conta com a ajuda de alguém para te auxiliar nesse processo, como cuidar de sua agenda e agenciar novas gigs?

Se me preocupar com a frequência em que vou na academia, para manter uma rotina de treino, é considerado ser “ratão de academia”, então eu sou kkkkk. Minha estética faz parte dos meus trabalhos, e até mesmo para ter um bom condicionamento físico. Ser modelo, influencer, DJ e comunicador, além do Mym Fans, é ter sempre demandas para atender na semana. Teoricamente não existe folga kkkkk. Mas graças, que tenho a Jaffé Assessoria, com a Priscila e a Lu (minha assessora), para me ajudar e também fechar jobs como influencer – elas são incríveis, e tenho também a Fernanda, minha amiga, que assessora minha agenda como DJ. Um beijo, meninas.

Em seu último set, o Come Back, você pôde celebrar o retorno do Galeria Café seguindo todos os protocolos de segurança. Com uma sonoridade black, swing e com muita atitude. Conte-nos um pouco sobre o quão especial foi esse projeto para você?

Eu amo esse set, porque ele foi trabalhoso pra fazer, pois tive que editar e reduzir todas as músicas, para a versão “pocket set”, e também por traduzir o que o Galeria representa pra mim. Um lugar de mistura, de diversidade, e no set vou do black, para o funk, do trap para o pop disco, que foi uma delícia fazer. Mas tem set novo já pronto e inclusive com meu primeiro LiveSet para um novo projeto, que vai ao ar em breve.

Em quase dois anos de pandemia, se tornou meio que um clichê em abordar esse tema, quando o assunto é o mundo de eventos. Em que impactou sua carreira toda essa conjuntura? Como sua motivação musical para produzir foi afetada durante o isolamento? E como você imagina esse setor e as reverberações da pandemia no futuro?

Imagina um cara que tinha uma rotina semanal de tocar de quinta a domingo praticamente, e ser forçado a parar? Foi horrível! A gente não sabia o que estava acontecendo, como seria, quando terminaria, nada. Casas de festas emblemáticas fechando, bares como o “Tô Nem Aí”, que era o point internacional gay na Farme, onde eu tocava, também fechando, você se sente em um filme de final do mundo. Sou capricorniano, e ter a sensação de incerteza, é desesperador. Poderia ter gravado um set por mês e ter subido no SoundCloud? Poderia, mas e o desânimo? Eu não tinha vibe pra isso. Mas meu amigo, quando tudo voltar ao normal, teremos que aumentar a segurança nas festas, porque a galera vai querer curtir insanamente, liberando toda vontade represada em dois anos. Eu mesmo serei um deles. Tô logo avisando kkkk

Foto Divulgação

Sobre suas influências e memórias musicais; com seu histórico religioso, como você imagina que a sua memória musical se desenvolveu? Como é para você hoje tocar músicas que eram hits na sua época de infância e adolescência, mas que por razões religiosas não estavam inseridas no seu contexto cotidiano.

Eu adoro nostalgia, e todos amamos quando uma música marca algum momento especial no passado, porque ao escutá-la revivemos aquilo. E quando em algum momento do set eu toco “Doo Woop” (Lauryn Hill), “Bump Bump Bump” (B2K feat Diddy), ou “Jeito Sexy” (Fat Family), me lembro de um dia na adolescência a gente na casa de uma amiga da igreja, assistindo aquelas coletâneas de dvds piratas de clipes de hip hop, eu imitando a Sasha em “I’m Still in Love With You” do Sean Paul kkkkk e depois a noite indo pro culto e pedindo perdão a Deus por ter ouvido e dançado a “música do mundo” kkkkkk (gente, eu era muito certinho kkk). Mas a minha música nostálgica é “Love On Top” (Beyoncé), que marca o período que eu decidi sair da igreja e me assumir gay, e hoje posso imitar a Sasha, a Beyoncé, a Rihanna, e até a Pocah fazendo as prostitutas do GTA, que não vou me sentir culpado.

Com alguns anos já de pista, seu amadurecimento musical é nítido e evidenciado em suas apresentações e trabalhos publicados, poderia nos contar um pouco sobre como é isso para você, e como você lida com cada vitória alcançada ou desafio superado? Como você descreveria sua evolução?

Eu não quero ser mais um DJ de Pop do Rio, que é bonitinho, gente boa. Por aqui o que mais tem é DJ e todo mundo tá virando DJ, ok, mas quero que quando alguém citar meu nome as pessoas saibam quem é, como é o meu som. Por isso desejo ampliar meus conhecimentos e técnicas, produzir música e criar remixes com a minha vibe, pra não apenas tocar nas festas mais famosas do Brasil, mas para fazer turnê com cantores, e ser reconhecido como o querido amigo Felipe Mar, Pedro Sampaio, que são destaques no Brasil, e também como DJ Vintage Culture, Dennis, Alok, que são conhecidos pelo mundo. Por que não rs?

Foto Divulgação

Você nos contou que planeja lançar sets em collab. O B2B com estilos diferentes é uma experiência bastante enriquecedora musicalmente falando, você acredita que a coragem para abraçar esses novos projetos vem desta evolução? Conte-nos um pouco sobre esta ideia e se puder adiantar é claro, quem fará parte desta parceria?

Quero ir além do pop e assumir a identidade de DJ Open Form, e esse projeto será a melhor forma de desenvolver isso e também mostrar a minha versatilidade (porque adoro ser versátil…rs). Tenho amigos que são DJs de tribal, deep house, pop, funk, trap, hip hop e será delícia e divertido fazer esse B2B. O mood do set será definido por eles e vamos combinando nossos estilos até a definição do set. Tenho um amigo que admiro muito e que foi a primeira pessoa que pensei quando elaborei a ideia, que é o DJ Foxx (ele nem sabe disso), e quero muito dar início com ele.

E hoje, quais estilos te tocam além do POP, como eles influenciam seu trabalho? Você é conhecido por apresentações com mixagens que passeiam por vários estilos diferentes.  Algum outro estilo em específico te atrai? Toparia abraçar um estilo diferente do POP para diversificar seu trabalho?

Na minha casa escuto R&B praticamente o dia inteiro. ChloexHalle, H.E.R, Mahalia, Erykah Badu, Ama Lou, Jorja Smith, Jhené Aiko, Doja Cat, Jazmine Sullivan, Snoh Aalegra ficam roucas! Eu adoro a melodia, o flow, o swing. Além de as vezes achar que nasci na década errada, porque adoro o disco e soul dos anos 70 e 80, que agora estão recebendo releituras do pop com Bruno Mars, Dua Lipa, Doja Cat, The Weeknd, Lady Gaga. Sobre outros estilos, eu quero explorar mais o afrobeat, o eletrônico (que já toco eventualmente), o pagode baiano e o soul.

Em seu projeto de sets temáticos haverá essa experiência? Poderia nos falar um pouco sobre esta proposta? Planeja apresentar nesse trabalho solo uma pegada nova do DJ Felipe Ferreira?

Eu não curto muito silêncio, então pra qualquer coisa que vou fazer, coloco música – tipo trilha sonora em filme. Quando acordo, quando vou dormir, quando vou tomar banho, andar na orla, pra academia, arrumar a casa, na praia, momento com o boy, me arrumando pra ir em alguma festa… todos fazemos isso. E por que não criar um set para esses momentos? Sendo que serão músicas que adoro ouvir. Então será muito pessoal. Minha ideia não é ser “comercial”, e sim apresentar mais de mim. Eu gosto de compartilhar as músicas novas que descobri, que fogem do hit, do que é pop, e as pessoas conhecerão novas sonoridades.

“Algo que precisamos aprender que … assédio é assédio, caso contrário, replicamos o mesmo comportamento nojento de alguns homens héteros…” – Felipe Ferreira

Foto Divulgação

Em nosso papo você nos contou sobre seu trabalho no Mym fans, como é para você atuar publicamente na noite e ao mesmo tempo trabalhar com esse tipo de plataforma, já passou por alguma situação constrangedora ou delicada com algum frequentador simplesmente por estar mais acessível durante o evento?

Na minha cabeça é normal e administro bem, o problema está na cabeça das outras pessoas que não sabem fazer o mesmo. O Lipe Scorpion, que é minha persona mais sensual no Mym Fans, é diferente do DJ Felipe Ferreira, tanto que nem vínculo uma mídia social a outra. Contudo, sempre tem alguém que me vê tocando, quer passar a mão onde não deve, fala alguma coisa inapropriada, e eu não vou deixar de ficar na pista e ir pro camarote, por causa dela. Eu as advirto, e não deixo passar despercebido, porque eu gosto de estar no meio do fervo, curtindo junto. Algo que precisamos aprender, mesmo se tratando de Comunidade LGBT é que assédio é assédio, caso contrário, replicamos o mesmo comportamento nojento de alguns homens héteros com as mulheres.

Felipe, mais uma vez foi uma honra para a Colors DJ conversar com você e poder conhecer um pouco mais de você e do seu trabalho, agradecemos sua disponibilidade e atenção em participar da entrevista de Revelação da revista representando o Pop nesta edição. Gostaria de pedir para finalizar com uma mensagem para quem acompanha sua carreira e curte seu som.

Fora Bolsonaro. Quero vacina e se cuidem! Obrigado Colors e Igor, beijos.

Ah! Não deixe de conferir o editorial de fotos lançado com exclusividade na Colors!

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