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MATÉRIA | As residências e as exclusividades na carreira de DJ. Vale o risco?

A real importância de ser um DJ Residente de um club ou selo musical.

Que o novo normal está se instalando nas relações entre público e artistas, isso todos já sabemos. Stream, transmissões ao vivo e shows digitais (uma releitura das gravações de DVD) se perpetuaram como meio principal de comunicação pra classe artística. O que é perfeito, pois o vínculo de profissionais, comunicadores e a grande massa estão aquecidos.

Mas hoje venho fazer você, que já é ou pensa em trabalhar como DJ, pensar conosco uma outra ferramenta que pode ser muito assertiva no seu planejamento de carreira no período Pós Pandemia: as Residências e a Exclusividade.

Deejay residente é o profissional de mixagem regido via contrato prestação de serviços autônomos através da CBO (CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE PROFISSÕES) de número 3741-45. E define como local de trabalho shows, festas, palestras, eventos, filmagens e estúdios. Atuam em equipe, sob supervisão ocasional e ruídos constantes e trabalham em horários irregulares, em estúdios, a céu aberto ou em veículos de comunicação. Isso em meio a muitas polêmicas sobre a regulamentação profissional e contratos abusivos.

A importância de se ter bons DJs residentes exclusivos em clubes ou festas vai muito além de criar identidade para os mesmos. Em um cenário pós pandemia e retomada de aglomerações, ele é ‘O CARA’ que vai usar de todo o conhecimento do briefing do evento (leia-se interação regular com o público da casa que representa), para reconstruir todos os cacos que o vírus da SARS-CoV-2 deixou. Representando assim, coerentemente, a identidade musical pensada pela Direção de Arte da empresa, seja ela de qual segmento for.

A opinião de um DJ residente também sempre é considerada antes da contratação de headliners (artistas convidados para o horário principal), pois eles fazem a linha de frente na relação com a pista e o feedback de seu repertório com o público e a experiência plástica do club é desenhada por eles.

Para ser um DJ Residente de sucesso e conseguir monetizar positivamente, é preciso ir além da função de mesclagem de músicas de acordo com o seu próprio posicionamento artístico: é preciso EMPATIA pra esse cargo. Ao assumir a identidade sonora do Club, pensado pelo diretor artístico, ele deve deixar o ego de lado, alinhar postura, pesquisar e ter profissionalismo, além de conectar músicas que tenham significado para experiência sonora do horário em que foi escalado e quando exclusivo representar o seu Club em festas seja no Palco, bastidores ou pista.

Do Warm UP ao Closing time, DJs residentes devem ter consistência na sua tarefa de engrenagem naquela noite e aprimorar a experiência dos presentes, a fim de fidelizar os novos clientes neste quadro pós pandêmico e estreitar os laços DJ/Público. Uma das maiores dificuldades dos clubs que enfrentaram de cabeça erguida a realidade das Festas Clandestinas é a adaptação em posicionamento e estrutura para continuar levando entretenimento sério pra o grande público e o que se espera é que os novos residentes bombearão o mercado com muita competência, aquecendo o mercado e abrindo portas.

Profissionais do meio artístico já elegem como tendência para o mercado do entretenimento o aquecimento do consumo e maior frequência do público nos clubs controlados, por visarem entretenimento com segurança sanitária e experiências sonoras mais reais depois das chuvas de lives dos últimos meses. Serão neles onde as retomadas de reuniões de pessoas consumindo música e arte acontecerão gradativamente, visto que as grandes aglomerações de festivais, por exemplo, ainda estão proibidas ao redor do globo.

Entramos em contato com Leandro Ribeiro, gerente do badalado AVALON CLUB em Goiânia e com vasta experiência em contratações, para nos ajudar responder estas perguntas. E o seguinte posicionamento em relação às residências, exclusividades e o momento pós pandemia, vem somar ao nosso pensamento:

“A residência para um DJ é, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade e escola. Se tornar residente de um bom club certamente é o desdobramento de um bom trabalho realizado pelo profissional, afinal os produtores e gerentes dos clubs escolhem à dedo seus residentes. 

A exclusividade de um DJ, quando este se torna residente, não se limita a um risco, mas à garantia de datas fixas e de um trabalho constante que agregará a cada semana na trajetória deste profissional.

O atual contexto dos pós pandemia, o mercado solicita ainda mais que DJS se dediquem, se reinventem e procurem realizar seu trabalho de maneira ética, compromissada e, acima de tudo, levando para as cabines o prazer e amor pela música.

Cabe ressaltar que o entretenimento não é apenas lazer, mas uma das mais importantes formas de relação humana, pois esta, também, é parte integrante da vida dos sujeitos. Portanto, ser um bom DJ é contribuir no processo de potencialização da vida, através do entretenimento.”Leandro Ribeiro, Gerente Avalon Club (GO).

Então, DJ! Você quer alinhar seu planejamento de carreira com o crescimento de clubs e festas de forma ética e compromissada?

Seguem algumas dicas:

1 – Cultive a empatia sonora e aprimore sua técnica.
Entenda o que o club que você está se relacionando tem como missão e visão musical. Qual a experiência sensorial que a casa trás e onde o som que você toca pode somar nessa construção. E informar aos diretores quais novos recursos tecnológicos estão disponíveis para ampliar esse processo de encantamento é função dos residentes.

  1. 2- Invista em Marketing e Networking de Valor.
    Perceba que a relação DJ v.s. Club é uma estrada de reciprocidade. O residente tem seu trabalho amplificado pelo Club enviando você como um produto da casa, mas também precisa da retaguarda banhada à competência e realinhamentos constantes. É como um casamento. Precisa-se de muita reciprocidade para que a relação seja produtiva e eficaz para o caixa do Club.
  1. 3- Esteja preparado para qualquer horário de apresentação. PESQUISE.
    Parece o mais óbvio dos insights, mas é onde se vê uma grande parcela de profissionais errando “feio” por aí. Imagine que o voo do Headliner contratado atrasou ou no pior dos casos cancelou. É você quem irá fazer um Long Set. Daí surge a pergunta: Você está preparado pra manter a serenidade e emplacar a melhor balada da vida naqueles clientes em frente a sua cabine? Se não, ESTUDE triplicadamente a partir de hoje.

Pra encerrar, RESIDÊNCIAS trazem o bônus do aprendizado e desenvolvimento para quando for se apresentar como convidado EXCLUSIVO. São de extrema relevância para consolidar o seu posicionamento artístico perante o público e com contratantes a médio e longo prazos, além de porta de entrada para network com muitos grandes DJs que são hoje referências na cena eletrônica mundial (visto que vai em maioria das vezes abrir ou fechar pista pra eles). São também usadas como cartão de visitas no seu release, agregando valor mesmo você ainda não tendo uma grande massa de fãs. A resposta é: Vale sim o risco de exclusividade pela coerência e consolidação de um bom trabalho.

O período da pandemia evoluiu muito o nível de produção de música eletrônica no mundo, tornando a pesquisa e filtragem de material também muito importante nesse processo de seleção de DJs para serem os porta vozes desta nova direção sonora dos clubs em reaberturas. Um grupo seleto está sendo procurado. A hora é agora!

Defina sua identidade musical ao usar a ferramenta RESIDÊNCIA para aumentar o engajamento do público e o seu trabalho será reconhecido e monetizado. Até um convite para um AGENCIAMENTO pode rolar depois disso.

Mas calma que esse é um assunto para o nosso próximo papo.

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