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MATÉRIA | Os heróis da noite

Por trás de cada evento existem centenas, às vezes milhares, de pessoas que renunciam suas noites, seus sábados, seus momentos de lazer e trabalham arduamente para cada evento acontecer.

Quando pensamos no que um evento precisa para ser um sucesso, visualizamos o DJ, o local e as bebidas geladas, mas para o DJ poder tocar, alguém montou o equipamento, para o local ser bacana, alguém limpou o espaço e para as bebidas saírem geladas, alguém colocou elas no gelo com quatro horas de antecedência.

Criar um evento, desde uma festa em um club até um festival em um local paradisíaco, envolve tantos níveis de trabalhos diferentes que é normal não se dar conta. Afinal, quando se sai no sábado à noite, a última coisa que se tem em mente é trabalho. Porém o setor de eventos movimentou R$209,2 bilhões em 2013, o que representa uma participação do setor de 4,32% do PIB nacional, segundo a pesquisa Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos do Brasil, realizada pela Abeoc Brasil em parceria com o Sebrae.marketing. Entre empregos diretos e indiretos são mais de 2 milhões de pessoas entre transporte, logística, acomodação, restauração e infraestrutura, entre outras áreas.

É um trabalho árduo. Trabalhar na noite significa perder finais de semana, aniversário dos amigos e noites bem dormidas. É renunciar ao seu tempo de lazer para proporcionar ao outro memórias inesquecíveis. E muitas vezes permanecer invisível, não existe glória para os heróis da noite. Um reconhecimento aqui e outro ali para as incontáveis horas em pé, ter que lidar com clientes mal humorados, sempre trocar o dia pela noite e nunca poder trabalhar em silêncio, nem na maior das dores de cabeça. Constantemente um sorriso estampado no rosto, mesmo que o evento esteja desmoronando: o show tem que continuar.

Barman Matheus Santana em ação por Gabriel Alencar.

“Na noite vivemos de tudo, já tive uma cliente alterada por estarmos fechando o bar e ela jogar dois copos de cerveja na minha cara. Foi um momento tenso, mas eu calmamente pedi para que se retirasse mais uma vez, e ela foi embora. Tem que ter paciência e jogo de cintura.” – conta Michel Ganatto, gerente de bar.

É por isso que assim como muitas outras profissões exige vocação. Existe um ditado no meio que diz “A noite é onde o filho chora e a mãe não vê”, já que para o show continuar é necessário fazer tudo e mais um pouco. Brincar com os limites do corpo: não existe sono, fome ou medo; existe apenas a necessidade de fazer um trabalho bem feito.

Foto tirada no SanBar em Salvador por Gabriel Alencar.

“Trabalhar na noite com eventos não é para todo mundo, é para quem realmente gosta. É um trabalho muito cansativo, estressante, se não gostar do que faz não aguenta o trampo. Para mim é um prazer, eu amo aquela preparação para a organização. O que nos recompensa é quando abrimos o evento e vemos as pessoas chegando, se divertindo, sendo felizes. Trabalhar na noite é fazer a alegria das pessoas.” – confirma Nayler Brito, que trabalha na área há 21 anos e hoje é gerente de produção do Grupo San Sebastian, um dos maiores grupos de eventos LGBTQIA+ do Brasil.

Eventos diferem de outros empregos por terem um cunho efêmero, você tem aquele único momento para fazer tudo direito. Amanhã será outro dia, mas uma memória em um cliente pode durar para sempre, seja ela boa ou ruim. Levar alegria para o cliente sempre será o objetivo principal, o que acaba por transformar o trabalho em paixão, em adrenalina.

“Trabalhar na noite é, sem sombra de dúvidas, um vício. A gente gosta daquela adrenalina. Está atrelado com festa, com magia. Sempre buscamos tornar aquele momento inesquecível na cabeça do outro. Trazer alegria. É isso que me move. Seja em eventos, boate, festa, carnaval o importante é levar magia para o cliente.”Zoroteka Oliveira, produtora chefe de eventos como San Island e Micareta Salvador.

Foto de um evento em curso com o DJ Tommy Love tocando no San Island Weekend 2018 em Trancoso por Gabriel Alencar.

O trabalho pode ser duro, mas é realizado por grandes apaixonados. Que podem se vangloriar por nunca terem tido um dia de tédio e que nunca lhes falta história para contar. Pessoas que trabalham arduamente para trazerem alegria, só podem ser chamadas de heróis. Viva os heróis da noite!

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