COLUNA |MÚSICA, INTELIGÊNCIA E TERAPIA Parte 2

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Mas, é possível apontar se uma pessoa é inteligente ou não a partir do tipo de música que ela escuta? Um estudo feito por pesquisadores de duas universidades da Europa – uma do Reino Unido, e outra da Croácia – apontou tendências entre um grupo de participantes de uma certa faixa etária e classe social de um país específico. Foram reunidos 467 estudantes de Ensino Médio na Croácia para realizar os testes. Aqueles com melhor pontuação nos exames de QI — não foi apontado se eram mais homens ou mulheres — tinham preferência por músicas instrumentais. Isso, entretanto, não quer dizer que esses jovens não escutem outros tipos de música. Afinal, é possível gostar de Philip Glass e Van Halen. A diferença é que, ouvindo o primeiro, há mais chances desses adolescentes ficarem mais focados.

Segundo estudos realizados no Instituto de Fisiologia da Música e da Medicina da Arte, em Hannover, na Alemanha, o lado esquerdo do cérebro parece processar elementos básicos como intervalos musicais e ritmos ao passo que o lado direito relaciona-se ao reconhecimento de características como métrica e contorno melódico. Quanto maior for a percepção musical, maior é o número de células estimuladas e reativas a sons e tons musicais importantes. A experiência induz ao aprendizado e este afeta os processamentos nas áreas auditivas secundárias e de associação, onde se supõe que os padrões musicais mais complexos, como harmonia, melodia e ritmo são processados. Desta forma, aprender a tocar um instrumento faz com que haja uma reorganização de diversas áreas cerebrais.

A capacidade da música influenciar o estado emocional do indivíduo se deve ao fato dela produzir reações fisiológicas cuja magnitude parece depender do conteúdo emocional. Portanto, a percepção musical envolve muitas variáveis, muitas áreas encefálicas e é capaz de influenciar o corpo todo através das reações emocionais e fisiológicas.

Desta forma, pode-se afirmar que a música, que é parte da cultura humana desde tempos remotos, é um instrumento de diálogo não verbal. Ela é inata e pode desencadear profundos processos de transformação pessoal os quais afetam não só o próprio indivíduo, mas também o universo que o rodeia em todas as suas manifestações e formas.

A crescente importância da música é cada vez mais reconhecida como recurso terapêutico, principalmente direcionado a pessoas acometidas por doenças motoras ou que afetem a memória. A musicoterapia tem sido apresentada como um dos caminhos mais rápidos e eficazes para promover o equilíbrio entre o estado fisiológico e emocional do ser humano uma vez que a musicoterapia estabelece uma sincronia entre estes estados. Sua aplicação prática requer todavia conhecimento e habilidade a fim de que, além de proporcionar suas abordagens terapêuticas, o indivíduo possa adquirir um estado de bem estar físico e psíquico.

Mas, como integrar campos de conhecimentos aparentemente distintos, Arte e Ciência? Para ser aceita como disciplina no campo da saúde, a Musicoterapia precisa construir essa ponte. As inquietações, nesse sentido, nasceram dentro das ciências médicas e as pesquisas buscaram medir e mapear os efeitos da música no corpo. Isto sanou o lado da medicina, mas e o lado da música? Ao lado das terapias, da medicina e da espiritualidade, a música é uma das ferramentas mais potentes para contribuir com processos de cura física e mental. Atletas ouvem para se concentrar, líderes para sentir coragem, muitos ouvem ópera para se inspirar. Tem gente que escuta Downtempo para relaxar e tem quem escute MPB para melhorar o astral. Tem também quem sinta a mágica com um Drum n’ Bass, por que não? Tudo depende do que seu cérebro gosta e o efeito que você quer causar.

Todos nós que vivenciamos as pistas de dança somos seres que tendem a ser muito musicais. Buscamos nela um refúgio para nos curar e experimentar um estado de bem-estar. É sobre conexão. E o melhor: a neurociência explica isso. As batidas e o baixo na música eletrônica podem ajudar a arrastar nossas ondas cerebrais para um estado gama, ou seja, um estado mais consciente. A música consegue mudar nosso estado de espírito e a meditação também. Tudo bem que tentar meditar na boate não é o mais recomendado por conta dos inúmeros estímulos, mas pode acontecer. Se você já fechou os olhos e ficou um bom tempo ali só curtindo, deixe eu te contar: você andou meditando e nem sabe.

Referências:

“A influência da música no comportamento humano” por Jessica Adriane Weigsding e Carmem Patrícia Barbosa

“Reflexões na construção do corpo teórico da Musicoterapia” por Clara Márcia de Freitas Piazzetta

“OS benefícios da meditação e a relação com a música eletrônica” por Maria Angélica Parmigiani

Philip Glass – Glassworks

Van Halen – Jump

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