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ENTREVISTA | Letícia Magalhães: “Um mundo no qual não vivo sem.”

Letícia Magalhães começou a fazer parte do mundo underground da maneira mais simples possível, frequentando os rolês. Mas havia ali um desejo de colaborar com aquilo, fazer parte do movimento que faz esse mundo acontecer.

Hoje ela está super envolvida com a cena brasileira, atuando como Booking Agent em duas agências, liderando sua própria label e desenvolvendo outros projetos que falaremos ao longo da entrevista. Confira agora esse bate-papo super especial!

Primeiramente gostaríamos de agradecer por ter aceitado nosso convite. Vamos lá! Você é super envolvida com música, nota-se uma paixão. Como foi o início disso tudo, o momento em que esse interesse surgiu?

Olá, eu que agradeço a vocês pelo convite!

Eu gosto muito de música desde criança, quando ouvia pop e etc. E com 11 anos eu já consumia música eletrônica. Conforme o tempo foi passando, o gosto e o interesse consequentemente foram aumentando. Quando era adolescente, um dos meus objetivos era ter a minha própria “balada” rs, então acredito que o desejo de trabalhar com a “noite” sempre existiu em mim. 

Fale um pouco sobre como você começou a frequentar a cena underground.

Eu frequento festas de música eletrônica desde 2009, mas se não me engano, o meu primeiro contato com a cena underground mesmo foi em 2015. Quando comecei a consumir mais techno, e começar a pesquisar mais sobre, foi quando eu comecei a frequentar festas undergrounds. Eu sempre gostei de techno (e inclusive já tinha visto alguns artistas no Xxxperience Festival, por exemplo), mas como não tinha muitos amigos que curtiam, demorei um pouco para conhecer e começar a frequentar esse mundo no qual eu não me imagino sem hoje.

Assim como várias pessoas nesse universo, você fazia parte do público, sempre frequentando os eventos e pesquisando a respeito, e então você passou a trabalhar no meio. Como esse interesse surgiu e como ele foi se tornando realidade?

Como eu disse anteriormente, desde bem jovem eu sempre tive interesse no mundo da noite. Com o tempo e com o contato com a música eletrônica, eu fui tendo cada vez mais certeza disso e fui buscando formas de tentar alguma maneira de me envolver nesse mundo. E quando eu comecei a frequentar as festas undergrounds, eu tive a certeza de que eu queria estar ali não só como público, mas também sendo parte do que faz tudo aquilo acontecer. 

Conforme fui frequentando as festas e com a ajuda da minha cara de pau nas redes sociais (rs), eu fui conhecendo cada vez mais pessoas da cena, e com o tempo e a minha insistência, as oportunidades começaram a aparecer.

Letícia Magalhães. Foto: Reprodução/Instagram.

Em quais frentes você atua hoje na cena?

Hoje eu trabalho como Booking Agent em duas agências (Havona e Faceless), curadora do CONNECT (canal de podcasts/premieres/etc), curadora do programa A Hora Gótica na veneno.live (junto a Linda Green), PR Agent, e recentemente criei a minha própria label, focada em EBM, electro, industrial, etc, e que teve o seu primeiro lançamento no final de junho, a Die Die Die My Darling.

Sobre o seu trabalho nas agências, hoje a cena brasileira é grande, como tem sido a procura de artistas para o “casting” das mesmas?

Devido ao momento delicado que vivemos a procura pelos artistas das agências tem sido baixa. A perspectiva de que as coisas melhorem em poucos meses já fez algum movimento, mas ainda nada de concreto ou que se aproxime um pouco de como era antes.

Como trabalho com alguns artistas internacionais também, acabam surgindo algumas datas para alguns em lugares que estão mais flexibilizados, como Estados Unidos por exemplo, mas sem dúvidas ainda está longe de ser o “normal”.

Quando o DJ deve estar vinculado à uma agência, desde o seu início ou quando o mesmo não conseguir mais administrar suas gigs?

Não existe uma fórmula certa para isso, depende de diversos fatores, mas, na minha opinião, o momento ideal para um artista estar em uma agência de bookings é quando ele tem uma “carreira” para gerir. Ou seja, é ideal que o artista já esteja inserido no mercado, tenha “procura”, já tenha um público o acompanhando e consumindo sua música e já tenha despertado o interesse de promotores.  Não que isso seja uma regra, claro, há diversos casos em que o artista ingressa em uma agência desde o início de sua carreira, mas normalmente funciona assim.

A administração da agenda do artista pela agência, lhe garante gigs ou o mesmo tem que fazer o contato com as festas e afins?

Quando um artista está em uma agência, o responsável pela agenda do mesmo é o seu agente e quem deve cuidar de suas datas é ele. Porém, o fato de estar em uma agência de bookings não garante gigs a ninguém. O que vai determinar o interesse pelo artista, muito além de quem cuida de suas datas, é a qualidade do trabalho exercido pelo mesmo e o que ele faz para se manter “relevante” no mercado.  

Como vem sendo conduzir a sua label “Die Die Die My Darling”? Você conta com ajuda ou faz o trampo sozinha? Vem enfrentando muitos desafios?

Tem sido uma experiência totalmente nova, porém muito interessante.  Como é uma label nova e nós só tivemos um release até o momento, não surgiram muitos desafios grandes, mas não tenho dúvidas que ao longo de nossa trajetória muitos surjam, rs.

A Die Die Die My Darling foi idealizada por mim e pelo MVQX no ano passado, mas devido a assuntos pessoais, ele resolveu sair para focar em outras coisas mais urgentes para ele no momento. Desde então, eu estava tocando a label sozinha, mas recentemente o Martinelli aceitou se juntar a mim nessa aventura e os próximos lançamentos serão cuidados por nós dois.

Uma grande parcela de DJs tem também produzido suas próprias tracks, qual a sua dica para uma grande massa de DJ/Produtores que tem produzido material e não tem visibilidade?

A primeira dica é não desistir. Persista, mesmo que muitas vezes as portas se fechem para você. Mantenha-se aperfeiçoando o seu trabalho constantemente, invista na sua carreira e seja sempre profissional. Busque boas colaborações.

Gere conteúdo relevante, seja em podcasts, produções e etc., e invista na “promoção” do mesmo. Existem diversos artistas que possuem um trabalho incrível e não tem o devido reconhecimento porque o mesmo não alcançou muitas pessoas.

Você integra a equipe do Connect, coletivo que trabalha com diferentes podcasts, nele você é responsável pelo Disorder. Fale um pouco do podcast e como é feita a curadoria?

O Disorder é um podcast voltado a sonoridades mais “sombrias”, como Techno, Industrial, Acid, Electro, EBM, Post Punk, Dark Wave, etc. É bem diversificado, tanto em relação ao estilo sonoro, quanto em relação aos artistas. Já recebi diversos artistas do mundo todo, e busco através dele mostrar o trabalho de artistas que eu acompanho e acredito que combinem com a estética do podcast.

Para finalizar, fale um pouco sobre o seu programa “A Hora Gótica”.

O A Hora Gótica é um programa quinzenal que eu tenho junto com a Linda Green, na veneno.live. É um programa super divertido e que nasceu de um convite da Linda após um match de gostos musicais entre nós. Como diz a nossa descrição, é um programa dedicado a quem é “dark de coração” rs. A sua essência é mais voltada a música gótica, melancólica e sombria. Ao longo desse tempo já recebemos mais de 16 artistas de diversos lugares do continente americano.

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