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ENTREVISTA | Dudu, Dudu da Capoeira, Dudu Capoeira!

Foto de divulgação.

Você, DJ produtor, e também ouvinte de música, com certeza já viu e ouviu falar deste nome!

Brasileiro, Natural de Fortaleza – CE, atualmente, cidadão holandês, DUDU CAPOEIRA é um músico nato que carrega de maneira muito expressiva a cultura musical do nosso país pelo mundo.

Desde a infância, sob a forte influência de uma grande expressão cultural brasileira, que é a CAPOEIRA, DUDU sempre mostrou uma grande paixão e simpatia com instrumentos de percussão.

Além de capoeirista, como músico, DUDU CAPOEIRA é percussionista, produtor musical e a grande maioria de suas músicas são criadas de maneira, digamos, orgânica. Através das gravações dos kits de produção que são gravados em estúdio, o seu trabalho ganha um destaque, a sua música é completamente autoral, sendo, a percussão, assim como as vozes entre outros componentes de uma canção produzidos por ele próprio, uma característica muito peculiar da sua música. Também querida por muitos DJs para a produção de remixes, suas produções de kits de percussão são fomento para uma cadeia de pessoas e artistas que trabalham profissionalmente com música, de qualquer estilo.

“O início fora da bolha social nunca será fácil pra um músico independente.” Dudu Capoeira.

Apresentações e colaborações ao lado de grandes DJs em eventos de referência mundial, ajudaram a construir um vasto currículo profissional. DUDU CAPOEIRA já se apresentou em eventos importantes como LATIN VILLAGE, em países como EUA, Portugal e Holanda, conta também com o apoio e parcerias com diversos artistas renomados no cenário eletrônico, como: Andrew Mathers, Benny Benassi, Nick Romero, Gregor Salto e Sonic Snares.

Confira agora a nossa entrevista mega especial com Dudu Capoeira.

Foto reprodução / Instagram.
Dudu Capoeira & Cleyton Barros Live – @latinvillage

Como foi sua trajetória profissional no Brasil?

Eu nasci e cresci em Fortaleza, cidade praiana, bairro periférico, então, minhas experiências não poderiam ter sido outras, né? Hoje é conhecida como comunidade, naquela época a gente conhecia como favela, eu sempre tive a esperança de um dia sair dali, porque eu não conseguia ver oportunidade de crescimento, eu não tinha visão de futuro na música ali naquele lugar. Aos dezesseis anos, eu já fazia parte de diversos grupos e bandas como percussionista, de forma diretamente profissional, pois eu já ganhava dinheiro com a música nessa época. Com vinte anos eu participei de uma audição em Salvador e fui aprovado, através disso, eu tive a oportunidade de ir para Nova Iorque, me apresentar com um grupo profissional de dança.

“Eu conheci pessoas maravilhosas aqui na Holanda, que me ajudaram muito, e sempre tive o apoio de minha mãe.” Dudu Capoeira.

Com a mudança de cenário musical, quais foram as maiores experiências nesses anos todos morando no exterior?

Essa oportunidade nos EUA me fez ver e rever muitas questões, ali eu vi que eu poderia viver da minha música e da capoeira. E foi então, que eu resolvi ir mais longe e me mudei para a Holanda, por diversas questões, então, foi na lá que eu dei meu primeiro grande passo na carreira. Assinei a minha primeira música de gênero “eletrônico” com o DJ Gregor Salto, muito conhecido não só aqui como em todo o mundo. Ele foi uma das minhas maiores influências em toda minha caminhada pelo mundo da música eletrônica. Ele gosta muito de capoeira e de percussão, da cultura afro-brasileira, tudo ou quase tudo que Gregor produz, remete intensamente a um pouco da minha infância e do meu trabalho com a capoeira, daí a nossa afinidade. Inclusive, nosso primeiro trabalho, demandava que eu tivesse um nome artístico, meu nome artístico era DUDU, as pessoas que me conhecem e sempre me chamaram por DUDU DA CAPOEIRA, e por jogada de imagem e de identidade, Gregor fez uma sugestão da qual gostei muito e meu nome artístico se tornou, DUDU CAPOEIRA. Ir para os EUA foi uma grande experiência, muito importante, que implicou em absolutamente todas as decisões que eu tomei na minha vida de lá pra cá.

Foto reprodução / Instagram.

Como surgiu o gosto pela composição, pela produção musical?

Por toda a minha ligação com a capoeira desde a infância, pode-se dizer que sou músico desde então (risos), mas, compor e escrever, eu faço desde os dezessete anos. Já produzi, eu tive meu primeiro contato com um estúdio de gravação profissional aos vinte e cinco anos, para gravação de percussões com as bandas que eu tocava. Em dois mil e seis eu tive o meu primeiro contato com os programas que simulam equipamentos de estúdio. Ali eu comecei a dar meus primeiros passos na produção musical. Como compositor e escritor desde muito jovem, eu sempre fantasiei e acreditei que um dia eu iria conseguir produzir meu próprio material de trabalho, mesmo com as limitações técnicas de acesso a cursos, recursos e a prática para lidar com os softwares, tendo apenas a experiência com gravação em estúdio, eu sempre acreditei que conseguiria. Um grande aliado foram as oportunidades de sempre estar no estúdio como um músico percussionista e, alguém produzindo aos meus olhos.

Foto reprodução / Instagram.

Como a música eletrônica entrou na sua carreira?

Quando eu comecei a tentar gravar minhas próprias letras, compor ritmos, eu não entendia muito da síntese da música eletrônica, a diferenciação dos gêneros musicais existentes, o que era tribal, o que era EDM, eu não tinha esse conhecimento, e aqui na Holanda, em dois mil e seis, os gêneros em alta eram o trance, o techno e o house. Eu não tinha afinidade alguma com música eletrônica, eu venho de uma cultura musical, onde eu tive influências de ritmos como reggae, samba, instrumentos de percussão, enfim, música orgânica. Quando cheguei aqui e me deparei com outro cenário, que não conversava diretamente com a minha bagagem e as experiências musicais, eu me propus a começar a produzir a minha música. A ideia inicial foi tentar encaixar a minha percussão na construção desses gêneros eletrônicos que eram e são comuns aqui. Esse foi o pontapé para a criação do meu ritmo musical e colocar autenticidade no meu trabalho.

Como foi posicionar a sua música, posicionar “Dudu Capoeira” que é sua marca, no mercado musical?

Hoje, eu acredito que eu tenho experiência suficiente para fazer um trabalho independente ou mesmo me posicionar como produtor musical. Até um, dois anos atrás, ninguém olhava para o meu currículo como produtor, meu trabalho era sempre verbalizado apenas como percussionista ou músico. Faz pouco tempo que eu comecei a colocar o meu currículo como co-produtor e produtor, isso foi desde que algumas pessoas vieram me dizer que eu deveria mudar isso, pessoas como Gregor Salto afirmaram, que mesmo sem uma formação acadêmica em música, o meu trabalho alcançou tamanha proporção e isso só possibilitaria mais e mais visibilidade no mercado. E foi daí, que eu parti para a decisão de começar a distribuir minhas músicas solo e kits de produção de forma independente e, através de labels e gravadoras como Get Down, Nervous Records, Salto Sounds (Moganga), Under Town e Vamos Music. Um fato que chama a atenção de muitos é que eu não sou DJ e eu gosto de trabalhar com parcerias. Vocês vão sempre me ver em parcerias, sempre haverá algum artista DJ ao lado, por exemplo: DJ x & DUDU CAPOEIRA, ou DUDU CAPOEIRA & DJ x. As minhas parcerias são muito valiosas independente de com quem, qual artista ou, quem será, nós músicos, ao nos propormos a trabalhar com outro artista, além do resultado final que é a música, nós com certeza absorvemos conhecimento e isso é imensurável. Eu tenho uma grande satisfação pelo caminho que eu trilhei até aqui e compartilhar o que eu sei com outros artistas, essa troca mútua de conhecimento, reflete intensamente no resultado final do meu trabalho.

Hoje você consegue viver apenas da sua música?

Não é fácil viver de música, eu vim para um país onde eu não dominava o idioma predominante que é o Holandês, um latino, percussionista, capoeirista fazendo música eletrônica e a competição no mercado artístico na Holanda é muito acirrada. Para algumas pessoas é estranho, mas, por outro lado, estavam surgindo coisas novas, coisas vindas de mim, diferentes do que eles estavam acostumados a ouvir e dançar, que foram muito bem aceitas, e o diferencial certamente é a essência da música, e da cultura afro-brasileira que eu sempre carreguei comigo.

Além da venda de músicas, de forma paralela eu ministro aulas e também faço shows com DJs. Aqui na Holanda apesar de ser a terra dos DJs, conhecido como o país dos DJs da música eletrônica, existem muitos DJs que não produzem, porque não tem interesse ou por não terem tempo, e como muitas pessoas já sabem que sou produtor, contratam meus serviços, o que chamam de “ghost producer”, tanto para remixes, bem como letras de música, kits de produção, beats e melodias diversas. E essa demanda cresceu muito, vieram cada vez mais pessoas atrás destes serviços. Fazem em média uns dois anos que lancei o meu primeiro pack de kits pra produção de música nas plataformas digitais de venda, antes eram feitas somente vendas personalizadas, destinadas ao que o meu cliente desejava. Com esse passo dado até as plataformas de venda, hoje muita gente usa kits de produção por aí que nem fazem ideia de que eles são frutos do meu trabalho.

E pra finalizar, como foi estar, ver, nomes tão importantes vibrando o Main Stream do cenário eletrônico mundial com a sua música?

Eu tenho muita gratidão pelo legado que eu venho construindo como DUDU CAPOEIRA, eu me sinto muito orgulhoso de tudo que conquistei até hoje. Na minha trajetória, além de apresentações e o suporte as minhas músicas, eu coleciono a oportunidade de ter trabalhado diretamente em músicas com grandes nomes, alguns deles mundialmente conhecidos, são artistas que eu me identifico musicalmente e que sempre me inspiraram, alguns são: Cleyton Barros, Dannic, Gregor Salto, Kryder, Leandro Da Silva, SunneryJames & Ryan Marciano, Mastiksoul, Nick Romero, Victor Mora e Victor Nillo. Claro que, como ser humano eu tenho muitas vontades, desejos e ambições no meio artístico. Existem dezenas de artistas brasileiros que eu admiro muito e espero um dia ter a oportunidade de trabalhar com essa parcela do mercado. O Brasil tem uma nova safra de grandes artistas é incrível e que como vemos, sempre ocupam os top trends mundo afora. Eu acredito que ainda terei a chance de trabalhar com alguns desses artistas como a Anitta, a Pabllo Vittar, Gloria Groove, Liniker, Leo Santana e Wesley Safadão.

Meus caros, a vez dos brasileiros chegou, a música pop do Brasil tomou uma proporção gigantesca e isso é: FANTÁSTICO! Foi muito bom ter voz aqui, espero que vocês gostem de saber um pouco sobre minha caminhada, que vocês se inspirem nela para nunca desistirem dos próprios objetivos. Um grande abraço a todos os meus conterrâneos brasileiros!

“As pessoas que acreditam em mim e no meu trabalho, são algumas das minhas maiores motivações pra seguir adiante.” Dudu Capoeira.

AQUI LISTAMOS PARA VOCÊS TRÊS MÚSICAS DAS QUAIS DUDU CAPOEIRA CONSIDERA MAIS IMPORTANTES:

1 – Gregor Salto feat Dudu Capoeira – Meu Berimbau

2 – Gregor Salto & Roulsen feat. Dudu Capoeira

3 – Saravada – Sonic Snare, Cleyton Barros

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