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DESTAQUE | Doutor em História fazendo a festa como DJ e Produtor musical

Marcelo Ameida, 31 anos, nasceu em Juíz de Fora – MG, seguindo o caminho acadêmico e se tornando Mestre e Doutor em História, mas se jogando também no mundo da música eletrônica.

Dono de uma sonoridade musical única e uma leitura de pista precisa, Marcelo conquistou seu espaço como Produtor e DJ, levando seu som cheio de personalidade até o Chile, onde fez 5 temporadas memoráveis na Festa Damage.

Seus primeiros mash-ups nasceram em 2014, mas em 2019 sua carreira profissional começou a tomar forma com o lançamento de sua primeira original mix pela EPride Music Digital.

Nessa entrevista vamos conhecer um pouco mais sobre sua carreira e seu amor pela música. Confira agora:

Como um acadêmico acabou nas cabines? Nos conte como surgiu seu amor pela música e a vontade de ser DJ.

Eu estava cursando o mestrado em 2013 quando comecei a me aproximar desse universo por meio do amigo DJ Diego Fernandez, que contribuiu demais para a construção do background que tenho hoje em dia. O amor pela música sempre existiu, mas a descoberta de que era algo que eu poderia saber fazer foi algo mágico, o que rapidamente fez com que esse amor se tornasse mais forte do que a relação que eu tinha com a academia. Apesar disso, iniciei os estudos no doutorado em 2014 e, graças a isso, tive condições de me mudar para Florianópolis em 2017 e, aí sim, começar a tocar profissionalmente. Mas essa decisão não foi tomada facilmente, e o processo todo foi muito gradual, pois, a princípio, não havia a ideia de me profissionalizar, mas a mudança para uma cidade que, diferente da minha, oferecia opções nesse sentido, fez toda a diferença.  

“Eu demorei muito para virar aquela chave que muda o seu olhar sobre o que você faz e te leva a encarar aquilo de uma forma de fato profissional” – Marcelo Almeida

Com o surgimento de tantos DJs e Produtores, quais são os diferenciais da sua música?

Eu demorei muito para virar aquela chave que muda o seu olhar sobre o que você faz e te leva a encarar aquilo de uma forma de fato profissional. Acredito que a diferença não esteja nem na música, mas nesse modus operandi profissional que, pelo menos no meu caso, demorou um pouco para se desenvolver. Hoje em dia existem muitas alternativas tanto para qualificação profissional de produção musical, quanto para obtenção de material de trabalho, então acho que a diferença mesmo está na sensibilidade do olhar e na forma como você encara o seu trabalho.

Qual a sensação de ser residente de um selo internacional e de ter tocado em festas de grande representatividade nacional e internacional?

As cinco temporadas que passei tocando no Chile foram extremamente gratificantes e desafiadoras, e o convite para a residência foi uma surpresa incrível, porque a relação que eu desenvolvi com o público de lá me motivava a levar sempre o melhor de mim! Aqui no Brasil as oportunidades que tive de levar meu trabalho como DJ também foram maravilhosas e contribuíram muito para virar a chave que citei acima, mas acredito que, nesse sentido, meu trabalho como produtor tenha chegado mais longe que como DJ, e ainda existem festas e clubs em muitas cidades que quero me apresentar quando os eventos retornarem oficialmente. Mas é igualmente gratificante ver o alcance das minhas produções e os profissionais que as executam mundo afora, me faz querer estudar mais para entregar um material ainda melhor.

“Para quem já conhece o meu trabalho eu não preciso confessar o quanto amo os clássicos, tanto os do Pop em geral quanto os hits do universo eletrônico” – Marcelo Almeida

Quais hits imortais estão presentes nos seus sets? Quais são as suas inspirações?

Para quem já conhece o meu trabalho eu não preciso confessar o quanto amo os clássicos, tanto os do Pop em geral quanto os hits do universo eletrônico, particularmente os da nossa cena (tribal). Eu gosto tanto que fica difícil nomeá-los assim, porque me considero bem Old School nesse sentido. Minhas inspirações vão desde Rosabel, Peter Rauhofer, Tony Moran e Danny Verde até Dr. Kucho e Robbie Rivera, sem me esquecer, obviamente, dos colegas da cena nacional Filipe Guerra, Mauro Mozart, Alberto Ponzo, Ennzo Dias, Rafael Daglar, dentre outros com os quais minha sonoridade se identifica muito.

Você ainda vê como um impedimento ou uma dificuldade ser um DJ que está fora do eixo Rio / São Paulo, ou isso é apenas um mito na cena tribal?

Não é exatamente um mito, já que sabemos que São Paulo e Rio de Janeiro são cidades referência em entretenimento e afins, então é natural que ali existam mais oportunidades de trabalho e, por consequência, mais DJs locais, que muitas vezes suprem a demanda sem gerar os custos que um DJ de outro estado geraria. Mas também não dá para negar o fato de que muitos DJs de destaque da cena estão fora desse eixo e nem por isso deixam de ter a agenda cheia. Então, é um pouco mais difícil, mas não é algo que inviabilize de fato o trabalho, se é realmente o que você deseja fazer.

“Não sei se as apresentações vão mudar após a pandemia, mas, com certeza, tem muito material de excelente qualidade produzido durante esse período, guardado e esperando para ser apresentado” – Marcelo Almeida

O que o Marcelo Almeida de hoje diria ao Marcelo Almeida pré-pandemia? Você acredita que a música e as apresentações irão mudar quando tudo voltar para o novo normal?

“Ainda bem que você usou esse tempo para trocar de plataforma de produção e se dedicou a aprender, de fato, a produzir do zero”. Acho que é isso o que eu diria, mas sem um viés de cobrança, porque acredito que as coisas aconteceram na hora certa, e o começo da pandemia foi quando justamente eu passei a sentir essa necessidade, que antes não existia. Não sei se as apresentações vão mudar após a pandemia, mas, com certeza, tem muito material de excelente qualidade, produzido durante esse período, guardado e esperando para ser apresentado quando as festas retornarem oficialmente.

O que o público pode esperar da sua música e suas apresentações pós pandemia?

Como eu disse, a pandemia foi/tem sido tempo de dedicação e aprendizado. Meu acervo pessoal cresceu e a qualidade das produções melhorou, então as expectativas são as melhores para esse retorno aos trabalhos. Sempre gostei de levar novidades para a minha pista, e agora não será diferente!

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