DJ Amanda. Foto: Religare Ars.

DESTAQUE | A DJ sulista que chamou a atenção da Macedônia

Nascida na cidade histórica de Rio Grande, a DJ Amanda hoje é a idealizadora de um dos maiores festivais do sul do país, e carrega uma bagagem de 14 anos de carreira.

Amanda Rovere, ariana de 33 anos, nos falou sobre sua trajetória, inspirações e lutas de uma mulher que se impôs em um meio que ainda é predominantemente masculino.

Confira agora o que ela falou sobre seus projetos e o que ela tem preparado para um mundo pós-pandemia:

“Sinceramente isso é uma das coisas que mais me dá forças de certa forma, poder demonstrar que uma mulher tem capacidade de fazer o que ela ama e o que bem quiser.” – Amanda Rovere.

Conte-nos sobre você, Amanda. Quando e como descobriu seu amor pela música eletrônica?

Comecei a frequentar as festas de música eletrônica em meados dos anos 2005, logo já me despertou interesse em conhecer mais e pesquisar diferentes artistas e linhas de som nesse meio.

Eu tive um incentivo para começar a minha carreira como DJ através dos meus amigos, que hoje são meus sócios no festival do qual somos idealizadores.

Hoje você tem uma carreira solidificada e já tem seu nome nos lines de grandes festivais, mas como foi há 14 anos? Quais foram as suas dificuldades no início de sua jornada?

Como em todos meios, foi uma jornada bem difícil, pois o cenário era ainda muito machista. Poucas pessoas me davam oportunidade mas as poucas que me davam se surpreendiam, pois eu sempre estava ali com humildade escutando conselhos e dicas para aprimorar meus aprendizados. Eu não tinha equipamentos para treinar então todo o momento que surgia uma oportunidade eu me empenhava para aproveitar ao máximo, inclusive ficava sempre próxima aos palcos para prestar atenção no que o artista estava fazendo, guardava com muita atenção isso em minha memória para em uma próxima oportunidade tentar aplicar o “aprendizado”.

Sendo uma mulher na cena eletrônica, meio que ainda é predominantemente masculino, como você vê a representatividade feminina nesse cenário?

Sinceramente isso é uma das coisas que mais me dá forças de certa forma, poder demonstrar que uma mulher tem a capacidade de fazer o que ela ama e o que ela bem quiser.

Já ensinei muitos homens a tocar e que se tornaram DJs aqui no sul do Brasil.

Hoje vejo que essa barreira está sendo derrubada dentro do cenário eletrônico,  mas ainda há muita luta pela frente.

Em nosso festival, por exemplo, nossa equipe é representada em quase 80% por mulheres.

Hoje em dia tenho visto muitos eventos voltados à lines somente com DJs mulheres justamente para ajudar a derrubar essa barreira masculina.

Cito o festival Afrodite no Paraná, onde o festival todo é representado somente por mulheres em todos setores. Há também o festival Ohm Ladies, que surgiu em formato online durante a pandemia.

DJ Amanda. Foto: Religare Ars.

“Daria o mesmo conselho que dou para quem está começando hoje em dia: não desista! Se você ama algo corra atrás, você terá muitos tombos mas mantenha-se firme. Nada na vida é fácil!” – Amanda Rovere.

Qual o sentimento de ser idealizadora de um projeto tão grande como o Origens Gathering?

Sentimento de muito orgulho e gratidão, são anos construindo, bem dizer, uma família. Sou muito grata a todos que colaboram para a realização do mesmo.

Nunca foi uma missão fácil nem nunca será produzir um festival de enorme grandeza em tantos sentidos. O festival reside na Serra Gaúcha, onde enfrentamos muitas dificuldades relacionadas ao financeiro e também ao clima típico na região.

Mas o Origens é apenas o reflexo do nosso amor à cultura trance.

Começamos lá em 2011 com o festival Origens, mas nossa história já se desenvolve desde 2007 com outros eventos em outros formatos e propostas, batalhamos muito para chegar em algo tão sólido como está hoje.

O trabalho é grande e o quanto nos doamos também, mas nada melhor do que fazer o que se ama, e sermos consequência de tantas lembranças e emoções do nosso querido e amado público.

Quais são suas grandes inspirações na vida pessoal e profissional?

Acho que não existe maior inspiração na minha vida do que a minha base que são meus pais e meus 3 irmãos, nos quais me deixaram e me deixam grandes ensinamentos de batalha, humildade e caráter. Meu esposo que está sempre ao meu lado.

Relacionado ao lado profissional, minha inspiração é minha própria equipe do festival Origens, pois juntos aprendemos tanto e fico muito feliz de vê-los(as) indo cada vez mais longe. Porém são diversas inspirações de diferentes cenas musicais, um pouco difícil de citar nomes, mas dentro do psytrance não conseguiria não citar o projeto YARA.

DJ Amanda - @undervisionfestival. Foto: @foto.cultura.

Como explica sua relação com sua base de fãs?

Tento ser atenciosa e manter a maior proximidade possível, pois são eles o meu “combustível”.

É uma sensação inexplicável, a energia deles é o que me faz ter inspiração, sou muito grata a cada um deles.

Já presenciou ou passou por alguma situação inusitada nos palcos? Como foi?

Acho que todo artista já passou por poucas e boas hehehe…

Desde um fotógrafo desastrado derrubar bebida em cima da minha case de CDs (minha case virou uma piscina literalmente hehehe) até o clássico de subir pessoas aleatórias no palco e mexer nos equipamentos enquanto eu me apresentava. Enfim histórias do gênero tenho quase um livro para contar hehehe, aposto que todo DJ tem muitas dessas histórias também.

Se pudesse voltar no tempo, que conselho daria para a Amanda de 14 anos atrás?

Daria o mesmo conselho que dou para quem está começando hoje em dia: não desista! Se você ama algo corra atrás, você terá muitos tombos mas mantenha–se firme. Nada na vida é fácil! Mantenha a humildade acima de tudo, não tenha pressa nem queira pular os degraus de uma escada pois com um passo por vez se vai longe.

Conte-nos um pouco sobre como tem sido pra uma artista lidar com a pior crise de todos os tempos na área dos eventos.

A pandemia afetou diretamente a cena artística, sem contar que atrapalhou os processos criativos de todos, pois é muito difícil conseguir se manter forte diante de tantas perdas e dificuldades financeiras. Todos tentando se “reinventar”, tendo que deixar de lado muitos planos, sonhos e metas.

O que ajudou a levar um pouco de alegria e diversão em meio a isso tudo foram as transmissões e festas online, uma forma de nos mantermos mais “próximos” uns aos outros.

Mas agora estamos mais perto do que longe de voltar ao “normal” e fazer o que mais amamos.

A saudade é grande mas logo logo estaremos todos juntos!

Como andam os planejamentos para um mundo pós-pandemia? O que podemos esperar da DJ Amanda?

A primeira festa que eu for me apresentar vai ser como a primeira da vida, muita ansiedade e muita alegria em poder retomar a minha maior paixão.

Tenho uma ótima novidade na qual fiquei trabalhando durante a pandemia que será o lançamento da minha primeira compilação ao longo desses 14 anos como DJ, reunindo grandes produtores e amigos, tanto nacionais como internacionais.

Será uma compilação contendo 10 faixas inéditas em cd físico que levará o nome de “Strange Factory”, e será lançada pela gravadora da Macedônia “Bhooteshwara Records”.

Foto de capa: Gustavo Merolli.

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