COLUNA | Artistas brasileiros na Europa

Quando o assunto é música eletrônica, todos sabemos como é a dimensão do mercado Europeu. Artistas de outros continentes querem experienciar aquela cena gigante e amadurecida. DJs sonham em tocar no lendário Club Tresor, participar dos grandes festivais, experienciar noites em cidades icônicas como Berlim, Londres e na ilha de Ibiza. É um conjunto de experiências incríveis que certamente fortalece a bagagem do artista e da pessoa.

O Brasil conta hoje com uma grande quantidade de artistas, vejo cada vez mais DJs que conheço irem se aventurar em outros países. Conversei com alguns amigos DJs que já tiveram ou estão tendo essa experiência para poder desenvolver esse texto. O primeiro foi o carioca Ayam, amigo de longa data!

Aos 20 anos de idade, Ayam, teve a oportunidade de experimentar a vida em Londres onde morou por 4 anos, lá se apaixonou pela House Music, segundo ele “A cena te envolve”. Quando voltou para o Brasil, apesar do calor, da família e de amigos, percebeu que as oportunidades musicais que teve lá no UK seriam quase impossíveis por aqui. Aos 30 anos conseguiu um visto PVT (Visto férias-trabalho) na França, país no qual reside atualmente. Segundo ele “Após experienciar a vida nos 2 continentes, descobri aonde queria ficar”.

Na Europa encontramos todo um incentivo à cultura que não encontramos por aqui, Ayam me contou sobre um sistema de auxílio e suporte que é oferecido aos artistas e técnicos franceses, onde o estado garante despesas de vida e gera oportunidades para o desenvolvimento do artista e capacitação profissional do técnico. Ayam hoje reside na cidade de Marselha e vem passando esse período do confinamento investindo na sua coleção de discos e aprimorando suas técnicas de mixagem. Além de Marselha ele já se apresentou em cidades como Londres, Paris e Montpellier.

Ayam no seu Home Studio em Marselha

Conversei com outro amigo, o DJ e produtor Phabian Edward, sempre quando vai a Europa ele fica baseado na residência de sua irmã em Estocolmo e nesse movimento ele experiencia uma série de coisas que aquela cena musical proporciona!

Phabian toca e produz Techno e comanda uma gravadora, a “Válvula Records”. Segundo ele, assim que os produtores locais sabem que ele está na cidade, logo o convida para se apresentar nos eventos. Além de Estocolmo e outras cidades suecas, Phabian se apresentou em cidades como Amsterdã, Birmingham, Sibenik, Belgrado e Berlim, onde comandou a pista em uma noite no lendário Club Tresor.

Segundo ele, o trabalho que vinha fazendo como produtor e como dono de label foi crucial para que os europeus o chamassem para tocar nos eventos locais.

 Ele disse que ficava um bom tempo procurando discos nas prateleiras das icônicas lojas em Berlim “Eu parecia uma criança em um parque de diversões”, discos que ele tocaria em “gigs” ali no continente. Além de comprar discos, ele também fez o trabalho de distribuir o seu material para as lojas, perguntei como foi esse processo de distribuição dos discos, ele disse que em algumas lojas ele já havia entrado em contato antes e em outras rolaram indicações. Phabian conheceu produtores, promoters, criou vínculos, teve seu trabalho reconhecido de uma maneira na qual ainda não aconteceu por aqui. Em breve pretende “se jogar” pra lá novamente, quem sabe dessa vez pra ficar!

Phabian em Berlim

A terceira pessoa que me cedeu um depoimento foi o paulista Igor Thomaz, DJ e produtor, Igor fez parte de coletivos em SP, produziu uma festa e um podcast e hoje reside em Barcelona. Ele terminou o colegial nos EUA, disse que ao voltar para o Brasil sentiu que não ficaria muito tempo por aqui então começou a pesquisar, o objetivo era uma cidade grande, não muito fria e que tivesse uma cena musical interessante.

Perguntei a ele sobre os desafios e vantagens de morar em outro continente, ele disse que o mais desafiador é o começo, até você “montar a vida” depois tudo vai ficando mais tranquilo, enquanto as vantagens, ele menciona a experiência de estar em meio a uma cultura diferente e a grande facilidade em relação a viajar pelo continente.

Em relação a música, ele ressalta a acessibilidade a equipamentos de qualidade por um preço justo. A possibilidade de alugar equipamentos e estúdios por um preço viável, comprar e montar o seu próprio Setup ou até um estúdio e clubs com uma ótima estrutura de som.

Igor está na Espanha a pouco mais de um ano, depois de passar por todo o processo de se firmar no país ele começou circular pela cidade e conhecer pessoas, mas a pandemia começou, ele conta que oportunidades surgiram através de contatos, inclusive o convite para tocar em outros países, mas o Lockdown foi necessário para conter o avanço da Covid-19. Assim que a situação melhorar o DJ paulistano irá atrás de novas oportunidades de mostrar seu trabalho.

Eu acredito que se o artista tem a possibilidade de fazer essa experiência acontecer, ele certamente será recompensado! Tenho amigos que planejam ir futuramente, outros que já estão lá (alguns não querem mais voltar) e tem também uma galera que vai, vem, volta e por aí vai. O importante é experienciar e se encontrar.

Colunista
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