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O conceito de Sindemia, negacionismo e conflitos políticos no Brasil

Em meados de 2020, ocorre na China um surto de infecção causado por um vírus, que se espalhou pelo mundo instaurando um cenário de pandemia de COVID-19. Após quase um ano da mais recente “corrida das vacinas” entre as maiores potências mundiais, foram desenvolvidas diversas vacinas, porém o desafio atual é convencer a população mundial da importância da vacinação, visto diversos conflitos políticos e movimentos negacionistas e antivacina pelo mundo, impulsionados pelo fenômeno antijornalístico conhecido como Fake News.

O maior exemplo atual é a crise sanitária que ocorre aqui no Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro e o Ministério da Saúde, frente à uma pandemia, não apresentaram o menor planejamento para vacinação e, ao contrário do resto do mundo, se apoiam na divulgação de medicamentos sem comprovação científica de eficácia no tratamento da doença e alimenta o medo e desconfiança contra as vacinas de acordo com seus interesses políticos.

Diversos protestos contra essas medidas vêm ocorrendo no país, diversos manifestantes levantam cartazes com dizeres “Fora Bolsonaro Genocida”. A palavra genocida levantou diversos debates sobre a condução do governo federal frente à pandemia. Outra palavra que define o governo Bolsonaro é o termo criado pelo filósofo, teórico político, historiador e intelectual camaronês Achille Mbembe, a Necropolítica: uso do poder social e político para ditar como algumas pessoas podem viver e como outras devem morrer.

Richard Horton, editor-chefe da prestigiosa revista científica The Lancet, escreveu recentemente em um editorial: “Todas as nossas intervenções se concentraram em cortar as rotas de transmissão viral para controlar a disseminação do patógeno”.

         Apesar das recomendações de especialistas, Bolsonaro e seus filhos incentivam aglomerações, ironizam o uso de máscara e fazem piada com quem está sem ar nos hospitais. Hoje sabemos que não se trata apenas de incompetência, mas de um planejamento da chamada “imunização de rebanho”, uma teoria infundada cientificamente que determina que conforme o avanço do contágio, em breve a maior parte da população estaria imunizada. Obviamente não foi o que aconteceu e a população brasileira foi entregue a um genocídio, com o segundo maior número de mortes por COVID19 no mundo, superada apenas pelos Estados Unidos.

Para investigar a atuação do Executivo no enfrentamento da pandemia, além do uso de recursos federais pelos estados e municípios, foi aberto uma comissão parlamentar de inquérito (CPI da COVID) que já analisa depoimentos há mais de um mês. Os depoimentos até agora apontaram que:

  •         O governo Bolsonaro tem um suposto “aconselhamento paralelo” na gestão da pandemia e que Carlos Bolsonaro, vereador do Rio e filho do presidente, participava de reuniões;
  •         Houve uma tentativa de mudar a bula da cloroquina, medicamento sem eficácia contra a Covid, mas defendido pelo presidente;
  •         Propostas da Pfizer de venda de vacina a governo federal ficaram meses sem resposta;
  •         Ofertas da Coronavac foram recusadas pelo governo. Quando intenção de compra ia ser anunciada, negociações pararam após críticas de Bolsonaro;
  •         O Ministério da Saúde soube no dia 7 de janeiro sobre a falta de oxigênio no Amazonas, antes do que havia sido informado pela pasta;
  •         O governo federal chegou a discutir, mas descartou uma intervenção federal na saúde no Amazonas.

É importante ressaltar que pessoas em situação de vulnerabilidade social são as mais afetadas pela doença, por não lhes ser permitido cumprir isolamento, tendo em vista que o governo não adotou o auxílio emergencial de uma maneira que atendesse de fato a população, obrigando milhares de pessoas a se aglomerarem em ônibus, metrôs para continuar trabalhando. O desprezo pelas medidas de segurança estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) agravou a onda de contágio, geraram novas cepas mais resistentes do vírus e agravaram a crise social que interdepende da crise sanitária.

Contudo, a crise sanitária e social e econômica não é o único problema que o Brasil enfrenta hoje, posicionamento do atual Presidente vem ameaçando a preservação de territórios indígenas para favorecer os interesses da exploração agronegócio, latifundiários e grileiros.

O interesse de invadir e transformar em monocultura territórios que contemplam as maiores florestas temperadas do planeta, moveram incêndios, invasões e ataques a comunidades dos povos originários que resistem e preservam a floresta desde a invasão dos portugueses em 1500, instaurando uma crise ambiental que ameaça o nosso planeta e a nossa sobrevivência. A junção de uma crise sanitária, social e ambiental estabelecem uma relação entre si a nível mundial que não é mais classificada como pandemia, mas uma Sindemia.

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