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MATÉRIA | Os bastidores das pick-ups

A versão que muitos não sabem: como o DJ percorre um caminho extenso até chegar aos holofotes e a grande mídia com status de artista.

O que você imagina ser a vida atual de uma DJ em atuação? Como você, sente que pode ser a rotina de um deejay ou produtor em sua preparação para as turnês? Quando você pensa em seu artista preferido o compara com outros de segmentos mais midiáticos?

Sabemos que o Brasil, apesar de ser um dos epicentros da cena LGBTQIA+, ainda temos um longo caminho a percorrer na relação Deejay versus artista. Histórica e mercadologicamente, a profissão de DJ no Brasil sempre foi confundida e desvalorizada. As pessoas (incluindo fãs, contratantes e público), há pouco tempo tem unido a imagem do seu ídolo musical com as vertentes de um artista, que inclui fama, reconhecimento, planejamento estratégico de carreira, investimento por parte de patrocinadores ou empresários não só da área musical, entre outras necessidades básicas; como um simples camarim montado dignamente para o preparo pré e pós apresentação e também para receber o carinho dos fãs após cada show.

Para quem faz parte do show business e escolheu como profissão DJ / produtor musical, a vida não é nem um pouco fácil. Ao longo dos últimos anos, ouvimos diversos astros nacionais e internacionais e a maioria traz consigo o mesmo pedido de ajuda, que é um apelo por necessidades básicas e de cuidados para que o show tenha o mesmo rendimento e qualidade em todas as praças que passar. Turnês nacionais e internacionais, muitas vezes viajando sozinho, tendo que desenvolver as funções de seu próprio agente, como receber os cachês, resolver problemas de ordem técnica, cuidar de repertório, desenho de luz; isso tudo em locais desconhecidos, fora de seus lugares de residência, onde geralmente tudo fica absolutamente mais fácil. Alguns nomes da cena preferem enfatizar que a vida de DJ é como se fosse um operário da música, que até os minutos finais de cada set é uma emoção e sem saber muito o que irá acontecer.  Isso falando de equipamentos, da qualidade de som de cada casa ou festival e, principalmente, dos percalços naturais que acontecem quando se tem uma equipe. Imaginem quando não?

É uma questão de sobrevivência que muitos – quase todos – enfrentam bravamente, entretanto, a falta de recursos e material humano capacitado, que deixa os talentos – leia-se DJs – desamparados e muitas vezes, abrindo mão do lado artístico para se preocupar com detalhes administrativos e de ordem empresarial.

Como tudo tem dois lados: o fato de a profissão DJ não ser considerada um feito artístico – que fique claro, na maioria das vezes, isso é somente aqui no Brasil- temos um caminho de luta e já de conquistas. Profissionais ganhando destaques em veículos de comunicação que não abriam as portas, imprensa especializada que emite brilhantemente o tratamento que cada um dos talentos merecem e principalmente: o preparo incessante de cada um dos deejays e produtores para transformar as suas realidades e o cenário, transformando as performances em verdadeiros shows, atraindo e aumentando sua fanbase e abrindo os olhos dos contratantes, que aos poucos  despertam que temos grandes talentos em nosso cenário. 

Que nos próximos tempos, possamos ver a imagem do DJ e produtor, assim como temos em alguns países da Europa e Estados Unidos, como grandes astros. Enquanto isso ainda parece distante, vamos ajudar o nosso artista predileto, consumindo seus produtos, lançamentos e principalmente: deixando-o com a sensação de que não existe diferença para um astro norte-americano ou europeu, para nossos talentos nacionais. 

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